Eu estava assistindo agora a pouco na tv uma
matéria sobre aquele sistema da Google que permite a gente consultar os mapas
das ruas, das cidades e até visualizar em três dimensões áreas interna de
determinados locais.
Confesso, fiquei encantada com a
criatividade humana para desenvolver esse tipo de tecnologia e mais encantada
ainda com as explicações dadas pelo rapaz que estava sendo entrevistado na
matéria.
Pelo seu discurso, percebia-se o seu total
domínio sobre o assunto pela firmeza e espontaneidade com que instruía ao repórter sobre o funcionamento da técnica desde a captação das imagens, "através de um
aparelho com nove câmeras" acopladas no teto de um carro, de um triciclo ou de
tipo de tripé com rodinhas (específicos para cada ambiente), até a sua disponibilização
na internet, quando "um sistema automaticamente trata as imagens desfocando os
rostos das pessoas e as placas dos carros para evitar qualquer identificação
pessoa".
O meu encantamento pela performance desse
rapaz, tão jovem, ampliou-se pelo fato de, quando questionado pelo seu sotaque,
ele explicar que era de São Francisco, EUA e está no Brasil há três anos. Três
anos...? Admirei-me agora não apenas pelo domínio que demonstrava de toda a
tecnologia, mas, também do domínio que apresentava da nossa língua. Perfeito.
Fiquei apaixonada. (risos)
Quando terminou a matéria, eu me lembrei
de um detalhe: o rapaz era negro. Por que eu me lembrei disso? Porque há pouco
foi aprovado no Congresso o tão polêmico Sistema de Cotas e eu estava
assistindo aqui a um rapaz super inteligente, negro, que certamente não
precisou de cotas para estar ali. Apenas, acredito, deve ter precisado de
oportunidade; de boas escolas que o auxiliaram a potencializar os seus
conhecimentos e, em patamar de igualdade com qualquer outro jovem, de qualquer
cor que fosse, alcançou o lugar privilegiado em que se encontra.
Para alguns negros, o meu discurso contra
as cotas é fácil para mim fazê-lo por que “sou branca”. Primeiramente, eu acho
muito difícil, com essa característica de povo mestiço que somos, encontrar
alguém no Brasil que seja exclusivamente branco, negro ou outra raça. Com exceção,
é claro, de uma minoria mesmo, que mora em tribos indígenas e comunidades
descendentes de quilombos ou descentes de asiáticos e alemães, etc.
O meu discurso foi, é, e sempre será em
favor de uma educação igualitária. Afinal, que justiça há em me excluir do
direito de cotas pela cor da minha pele, quando eu que sempre estudei em
escolas publicas não tive acesso a um nível privilegiado de educação que alguns
negros da classe media-alta tiveram?
O Brasil precisa é criar vergonha na cara
e parar realmente com essa diferenciação, classificando o seu povo pela cor da
pele ou algo assim e passar a garantir uma educação de qualidade para todos. Só
assim teríamos a demonstração de que inteligência não tem nada a ver com ser
pobre ou ser rico; ser branco ou ser negro. Tem a ver com oportunidade.
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