sábado, 21 de agosto de 2010

ELEIÇÕES – ÉPOCA DE EXPOR AS FERIDAS DA EDUCAÇÃO.


Compreender a dor da fome quando se está de barriga cheia é algo extremamente difícil e subjetivo.

Compreender as dificuldades pelas quais passa a escola pública brasileira sem necessitar dela é algo semelhante.

A época de eleições é o palco ideal para essa luta historica.

Na luta por direitos e cumprimentos de leis estão de um lado os professores e do outro o poder público.

No centro encontram-se os alunos. Estes, na maioria das vezes, seja qual for o vencedor da batalha, saem com diversos prejuízos irreparáveis.

A única arma de luta para o professor contra os desmandes e falta de compromisso dos governos é a paralização das atividades docentes.

Essa estratégia não objetiva atingir a sensibilização dos governantes para o sofrimento e as perdas das crianças e jovens que ficam sem a escolas porque sabemos que os mesmos só se sentirão atingidos quando a sua imagem pública for exposta na mídia e esse é o alvo da luta.

A mídia é verdadeiramente a maior arma. Mas ainda é uma arma cara, que a maioria da população não tem acesso. Apesar dos elevados impostos que paga, o povo ainda não é capaz de conquistar o direito de ter um canal para divulgar os seus problemas e anseios sem depender do interesse particular dos detentores do poder público e da mídia, que, efetivamente, são as mesmas pessoas.

A luta dos professores por melhores condições de trabalho e melhores salários é uma luta legítima. Deveria ser também vergonhosa para um país que divulga para os quatro cantos do mundo os seus projetos para a educação.

Ninguém está mais qualificado que os professores para revelar o descaso, a falta de sensibilidade e o descompromisso dos governos com a educação.

A greve, estratégia de luta mais reconhecidamente mais eficaz pela reivindicação do cumprimento dos direitos do trabalhor tem as suas peculiaridades na educação.

Quando os operários de indústrias, por exemplo, fazem greves para lutar por seus direitos, os maiores prejudicados são os seus patrões e o risco maior que os operários enfrentam é a perda de emprego.

Quando os professores fazem greve para lutar por seus direitos os maiores prejudicados são os seus alunos e se,por acaso, tiverem o êxito de alcançar a mídia, os governantes também se sentirão prejudicados.O risco que o professor público corre com uma greve é ser obrigado a repor as aulas paradas.

Alcançado os propósitos de expor perante a população a realidade das escolas e, forçado os governantes a tomar atitudes para cumprir os seus compromissos, os professores deveriam voltar de braços abertos para acolher os seus alunos e restituir os dias de aulas que lhes foram tomados como arma de luta para os objetivos de melhoria própria e para a educação.

Em época de eleição, expor as feridas da população é a garantia de obter um balsámo para aliviá-las.

A certeza de atingir os governantes apenas pela exposição da sua imagem é a comprovação que continuamos elegendo pessoas insensíveis para as dificuldades pelas quais passa a escola pública brasileira e em todos os aspectos a população carente da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país.

8 comentários:

lusinez disse...

Como sempre, muito bom o texto. (Sou sua fã)
Mas o que dizer dos professores que que fazem concurso só pra ter um "emprego", quero dizer uma renda certa até a aposentadoria?? E isso lamentavelmente não são poucos. Já ouvi de uma professora de rede pública(quando me preocupei com a situação do aluno da mesma que cursava o 3ºano, que não sabia ler e nem mesmo escrever o próprio nome) Ele me disse que não ia perder tempo com aqueles marginas, que o dela (salário) já estava garantido. E pra esses proficionais o que dizemos?? Sei que precisamos de gorvernos sérios e comprometidos com o bem estar da população, mas devemos lembrar que pessoas como essa profª, não estão nem ai e ainda vendem o voto. (INFELISMENTE ESSE É O NOSSO PAIS) Com habitentes de todos os jeitos, honestos e desonestos... Cabe a cada um de nós termos consciecia e votar em quem apresenta um prograa melhor, esperando é claro que ao ser eleito ele venha a cumprir.

Só um desabafo...

Anônimo disse...

É companheira vamos a lutar e ver se agente consegue acertar naquele que poderá ter mais responsabilidade com a educação...Esse texto é bem sua cara mesmo...gostei.

Ednice disse...

Um: em se tratando de idioma, sou elitista assumida! Vejam os "enganos" dos posts! Lamentável;
Dois: O problema é que em Educação existem muitos lados que vivem se digladiando, preocupando-se em encontrar "culpados" para a má qualidade da educação pública. Culpados somos todos nós, sejamos profissionais da área ou não. A educação foi sendo relegada pelos governantes, pelos profissionais, pela sociedade dita de média/alta renda que viu nas escolas particulares a saída para manter o status. A população se vê desamparada porque hoje o que mais falta é sala de aula para crianças e jovens (da mesma forma que a evasão também não diminui entre jovens e adultos). Os programas paliativos - as bolsas-famílias da vida - não resolvem o problema. Greve já não resolve e deveria deixar de ser um instrumento de luta, porque só tem servido para as autoridades tacharem professor de irresponsável, alunos sem os devidos conteúdos, professores mais e mais descontentes.

Anônimo disse...

UM: Concordo que devemos sempre nos preocupar em escrever e falar corretamente, todavia, considero ainda mais lamentável do que cometer "enganos" com o idioma, a indelicadeza de corrigir grosseiramente o equívoco alheio. Lamentável;
DOIS: Discordo da opinião do comentário acima. quando diz que a "sociedade dita de média/alta renda que viu nas escolas particulares a saída para manter o status." Pelo contrário, o status estava nas escolas públicas com o Atheneu, o Winston Churchill, o Anisio Teixeira... lembram? Foi o declínio da escola pública, mal tratada pelos governantes que elegemos, que causou a migração da classe média para as escolas privadas. Essa mesma coisa está lentamente ocorrendo com as Universidades, vejam a nossa UFRN.
TRÊS: Eleição é sim a melhor época de expor as feridas e as mazelas causadas por esses políticos à população, mas a luta continua ainda mais intensa após, quando chega a hora de cobrarmos o que foi dito nos palanques.

Mariana disse...

divino e oportuno o texto.devemos sempre expor as feridas da educação, mas parece q só nesta época q elas recebem atenção dos políticos.

Jeanne Geyer disse...

Estou percebendo uma desilusão geral com os políticos, ninguém tem mais esperança.
O tema é sério e recorrente, todavia, parece que os sucessivos governos não estão preocupados com a educação.
Beijos

FJavier disse...

Um texto bravo e brilhado. Se o presente não nos satisfazizer, nós não temos que esquecer-se de que a única esperança melhorar o futuro está na instrução de nossas gerações novas.

Um hug.
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Un texto valiente y lúcido. Si el presente no nos satisface, no debemos de olvidar que la única esperanza de mejorar el futuro está en la educación de nuestras jóvenes generaciones.

Un abrazo.

Anônimo disse...

achei muito imooortante
Era bom q todo mundo tivesse esse compromisso .(Aguida Araujo Lima)

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