- Escritora. Já quase me convenci de outras vezes que era.
Mas eu leio muito, sei o que é um escritor. Estou
certa de que posso até
escrever bem, mas... Escritora? Não. Não me atrevo nunca a dizer que sou.
- Poetisa. Achei-me poetisa, diversas vezes. Gosto de
escrever poesias, mas, também não. Isso eu não quero afirmar de mim. Escrevo
somente quando gosto, lá uma vez na vida, quando estou a fim. Poesia é assim,
pra mim, apenas saciar a vontade de botar pra fora o que me ecoa por dentro.
Seria pretensão tomar assento por igual aos verdadeiros poetas.
- Cantora. Ah, isso sim. Já quase acreditei mesmo que sou. Adoro
mesmo cantar. Porém, seria injusto e imprudente declarar isso de mim. Eu que
não nunca ensaio; não treino técnicas; não tenho disciplina... Não há como me
comparar a um cantor, seria injusto. E além de tudo, fico insegura diante do
público, somente sozinha, ou bem à vontade, consigo demonstrar meus talentos.
Poderia eu sair assim dizendo que sou cantora?
- Desenhista. Até já me passou pela cabeça de ser. Desde
criança, adolescente, costumava reproduzir ampliando e dando toques criativos nos
corpos nus das moças dos calendários de carteiras. Todavia, com o tempo, aos
poucos, fui abandonando o desenho. Nunca me aperfeiçoei. Hoje ainda desenho, mas
é assim, desenho o que eu quero, quando quero, como quero e quando quero, sem
intenção de ser desenhista mais.
- Atriz, comediante. Gosto demais de atuar sim, mas sem
profissionalismo, no meio de amigos. Apenas me delicio fazendo os outros rirem.
Jamais diria ser uma atriz ou uma comediante.
- Psicóloga, psicanalista... Por muito tempo e por muitas
vezes acreditei que nasci pra isso. Naturalmente sou procurada pelas pessoas
para ouvi-las e aconselha-las. Por diversas até me surpreendo com a sabedoria
das orientações que sou. Não sei de onde elas vêm, mas, sinto-me totalmente
insegura, despreparada e, além de tudo, nunca estudei pra isso, até tentei,
mas, não tenho formação e não posso dizer que sou.
- Espiritualista; religiosa... sei lá. Já estudei. Até me
formei nessa área. Li muito, pesquisei e ainda é uma área que gosto de pesquisar. E no
que deu? Hoje sou agnóstica. Praticamente não cheguei a lugar algum. Sou
questionadora demais para ser uma pessoa de fé. Fé em um único ser superior.
Porque fé nas pessoas, essa eu tenho. Na capacidade de cada um, que acreditando,
seja em quem for que apegue a sua fé, consegue realizar seus milagres e bênçãos.
Então, religiosa, isso jamais eu nem ninguém diria que sou.
- Professora. Foi aqui que descobri a única profissão capaz
de continuar sendo todas as outras. Mas, uma mestra, uma educadora de verdade,
também isso, do modo que penso que deveria, não afirmo que verdadeiramente sou.
Para tal, deveria ser mais empenhada, mais tolerante, mais estudiosa. Não, não
sou.
- Então, volto outro dia. Ou nunca mais, ou sempre, quem
sabe. Talvez todos os dias, eu volte aqui para me fazer a mesma pergunta:
- Quem sou?
Nenhum comentário:
Postar um comentário