domingo, 16 de fevereiro de 2014

MAS, RACISMO NÃO É CRIME?

Um fato noticiado nessa semana passada na tv  me tocou e perturbou profundamente. Acredito que também a muitos brasileiros. Estou me referindo as cenas explícitas de racismo demonstrada durante uma partida de futebol no Peru, para com um jogador brasileiro.

“A torcida do Real Garcilaso protagonizou cenas lamentáveis nesta quarta-feira (12 de fevereiro) em Huancayo. Quando o volante Tinga, do Cruzeiro, pegava na bola, os torcedores imitavam sons de macaco em atos de extremo racismo.(http://www.foxsports.com.br/videos/149626435800-racismo-torcida-rival-imita-sons-de-macaco-quando-tinga-pega-na-bola )

Assistir depois o depoimento do jogador chorando e declarando que “trocaria todos os títulos que já conseguiu na vida pelo respeito” foi o ápice para compreender a dor de uma pessoa quando se ver humilhada por algo que não depende da sua escolha, que não se liga a avaliação do seu caráter e da sua integridade moral. E, diga-se de passagem, algo tão medíocre como enxergar inferioridade humana por causa de uma cor de pele.

Chorei todas as vezes em que toquei no assunto com alguém. Da ultima vez, com a minha filha mais nova e ela me questionava: - Mas, racismo não é crime?

Eu tentava fazê-la entender que as coisas só são consideradas “crimes” perante a sociedade se houverem leis que diga que os são. Disse-lhes que eu não sabia se naquele país havia leis para considerar isso e que mesmo no Brasil o crime de racismo é uma lei recente.

Compreendi a sua dificuldade em entender. Na sua cabeça, só o fato de ser “absurdo” era suficiente para ser considerado como crime e passível de punição.

Sabemos bem que as coisas não são assim nem quando a lei já prever ser mesmo crime.

Outro exemplo, também no futebol:

“O zagueiro Paulão, ex-Atlético-MG, foi alvo de racismo durante o clássico entre Sevilla e Betis, pela 14ª rodada do Campeonato Espanhol, neste domingo. Ele foi expulso aos 41min do primeiro tempo pelo segundo amarelo. Enquanto o jogador do Betis deixava o campo, a própria torcida do time do brasileiro começou a imitar macaco para ofendê-lo. Ele saiu de campo chorando.” Esse fato ocorreu em 24 de novembro de 2013, no ano passado.

Agora, pensando positivo:

O carnaval está chegando e para que não seja tão definitivamente “o ópio do povo”, penso que essa música deveria se tornar a nossa bandeira diante da realidade que conversamos aqui: “Nossa Cor” de Léo Santana e Parangolé.


sábado, 15 de fevereiro de 2014

O GOLPE DO CARTÃO DE BANCO

Neste sábado, dia 15 de fevereiro, eu entrei no Banco do Brasil, na agência que fica na Av. Pte Bandeira, no bairro do Alecrim, em Natal-RN, por volta das oito horas da manhã e lá  aconteceu uma situação inesperada.

Dentro da agência quase vazia, enquanto eu realizava uma operação no caixa eletrônico, por duas vezes fui interrompida, e as poucas pessoas que estavam lá, também, por um senhor que teimava em afirmar que o seu cartão havia ficado preso dentro do caixa.

Um rapaz que estava do meu lado fez sinal para mim de que aquele senhor parecia não ser bom da cabeça.

Mas, comecei a reparar na aflição do homem e percebi que algo sério havia acontecido. Uma pessoa sugeriu que ele voltasse á agencia na segunda-feira para reaver o cartão e ele respondeu que era impossível, pois não era daqui e voltaria ainda esse final de semana para o estado da Bahia. Ele já começava a demonstrar desespero falando alto que queria o seu cartão “ Agora!”.

Precipitei-me em ajuda-lo e passei a enfiar o meu cartão em todas as máquinas para ver se topava com o dele em alguma. Nada!

– Senhor, com certeza o seu cartão não está preso aqui. – disse-lhe eu.

Sem desistir de ajuda-lo, procurei ajuda dentro do banco: um telefone para ligar para a central; um guarda, que eu pudesse falar... Nada! – Imaginem: Final de semana, de manhã cedo... Impossível.

O senhor me seguia o tempo inteiro, confiante de que eu ia conseguir ajuda-lo. Pedi-lhe, calmamente, que me descrevesse tudo o que ocorreu.

Foi quando comecei a entender que ele havia sido vítima de um golpe.

Lembrei-me de imediato que no ano passado a minha mãe, também em um dia de sábado, teve o seu cartão furtado por uma pessoa que fingiu orientá-la junto ao computador do caixa eletrônico. O caso dela, que ocorreu na agência da Av. Airton Senna, no bairro de Pirangi, encontra-se até esta data em um processo judicial para reaver uma relativa quantia que foi retirada pela quadrilha que realizou o golpe.

A descrição que o senhor me apresentava, percebi, se assemelhava bastante com o caso da minha mãe.

Ele me contou que o seu cartão havia ficado preso na máquina e que um rapaz se ofereceu para ajuda-lo, inclusive pediu o numero da sua senha e do seu CPF.

Entendi que era esse o motivo pelo qual ele entrava e saia da agência desesperado. O homem que fingia ajuda-lo disse que ia pegar algo no carro e voltaria. Fui com ele lá fora e não havia mais ninguém, é claro. “Rápido assim!”

Ciente do que estava acontecendo, convidei-o para ir comigo até o meu carro onde o levaria até a uma delegacia próxima para fazer um Boletim de Ocorrência.

Mais uma vez ele se viu obrigado a confiar em outra pessoa. Foi interessante observar que mesmo tendo acabado de ter sido enganado, ele, da mesma forma, confiou plenamente de novo. A sua demonstração de ingenuidade me causou ainda mais uma revolta por constatar que existem “seres desumanos” capazes de tais atos e outros ainda piores como sabemos.

No caminho até o carro, tive a lembrança de que algumas vezes utilizo um telefone que tem registrado atrás do meu cartão para me comunicar com a central do Banco do Brasil. Recorri a ele para bloquear o cartão do seu João (era esse o seu nome).

Felizmente, nós conseguimos.

Mas, devo revelar que não foi muito fácil. Seu João tem problemas de baixa audição e, imaginando a dificuldade que nós com audição “normal” temos para nos comunicar com aquela voz robotizada indicando qual “tecla” apertar, somos capazes de avaliar a situação.

A cena:

 Escorados no balcão da oficina onde havia deixado meus óculos para consertar, razão pela qual fui pegar dinheiro para pagar o serviço, estava eu; seu João; uma filha minha que andava comigo e o dono da oficina. Envolvidos na torcida de que se conseguíssemos resolver o problema pelo telefone celular.

Primeira tentativa: Eu segui todos os passos indicados pela voz até chegar a um dos “nossos atendentes”. A voz de uma moça surgiu para atender. Porém, quando me ouviu falar que estava ajudando a um senhor que acabava de ter sido roubado, ela desligou bruscamente na minha cara, sem dar nenhuma satisfação.

Ficamos atônitos, olhando uns para as caras dos outros. Sem querer crer que aquilo havia ocorrido.

Retornei a ligação. Todo o percurso de teclas novamente. Dessa vez eu não falei mais em roubo, fui direto para a proposta de cancelar o cartão. Já tinha em mãos o numero da conta e da agência, repassados por seu João para mim. A moça me pediu o CPF. No instante em que eu pedi o numero do CPF ao seu João, ela também encerrou, sem justificar, a ligação.

Liguei pela terceira vez.

Agora eu pus no “viva voz” para tentar que o próprio seu João se comunicasse diretamente e conseguirmos o bloqueio. Ele, com dificuldade de entender as perguntas, ia tentando responder, até que não conseguiu de forma alguma compreender quando o rapaz (dessa vez era um rapaz) perguntou: - O senhor compreende que o bloqueio é definitivo? – Eu tentei cochichar – Sim! – Mas, por azar, o moço ouviu e também acabou desligando. Dessa vez até que justificou: - Estou ouvindo duas pessoas falando e assim eu não posso atender – disse ele.

Tentando controlar o desespero, que agora também era meu, recomecei tudo no telefone. Dessa vez tinha que dá certo.

Depois de algumas apertadas, a voz de uma moça atendeu e seu João começou a responde-la, até que empancou em uma das perguntas. Nisso, nós três já estávamos quase com as respirações presas, com medo de que a atendente desconfiasse de que ele não estava sozinho e desligasse sem concluir o cancelamento. E nada de seu João entender o que ela perguntava. Sem ver saída, me arrisquei em avisá-la de que ele era surdo, que repetisse a pergunta. Por sorte, dessa vez, ela foi até o final, cancelou o cartão repassou o protocolo de atendimento para que anotássemos e orientou-nos a ir até a delegacia para fazer o “BO”.

Teve um momento nessa ultima ligação que chegou a ser até engraçado.
A moça pergunta ao seu João se ele havia informado a senha do seu cartão para o bandido. Seu João respondeu: - Dei tudo! – E, prontamente questiona, indicando a intenção de atender: - A senhora também quer a minha senha? – Imediatamente, nós três, juntamente com a moça da central que falava no “viva-voz”, gritamos em coro: -NÃO!

Acabei deixando seu João na delegacia. Quase que eu ainda continuava com ele ao vê-lo meio aturdido sem encontrar a porta de entrada. Mas, ao vê-lo entrando, convenci-me de que a partir dali ele estava bem e que agora era a vez da policia ajuda-lo. Espero mesmo que o tenha feito da melhor maneira possível e que tudo dê certo para ele depois desse susto.

Creio que todo esse acontecido serve de alerta para nós.

Em uma situação como esta o caminho é: Procurar no verso de algum cartão do banco o telefone da central, ligar para realizar o cancelamento imediato e ir até a uma delegacia fazer o Boletim de Ocorrência.

Se ainda assim, os bandidos conseguirem sacar antes algum dinheiro, devemos procurar um advogado e entrar com um processo para o banco ressarcir o prejuízo.

Fica, para variar, em nós, a sensação de tristeza, revolta e impotência diante de um mundo que vemos, a cada dia, tornar-se mais violento e desgovernado.

Eu me pergunto ainda: - Se esses bandidos usam a inteligência para planejar com eficiência o melhor dia, o horário ideal e a vítima mais fácil, onde está “a inteligência da policia” para montar um esquema e pegá-los? – Sei bem que no caso da policia o problema não é só a falta da “inteligência”. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

QUANDO A RELIGIÃO NÃO CUMPRE O SEU PAPEL

O homem olha em volta e observa que apesar de todos os avanços da sua inteligência, continua lá - “o inexplicável”.

A evolução que alcançou não o isenta de questionar feito criança o “porquê” de várias coisas emblemáticas que observa na natureza.

O reconhecimento da existência de coisas e eventos que fogem do controle humano o instiga a elaborar a hipótese de outro criador inteligente.

A esse possível criador, cada povo em sua época, de acordo com a sua cultura e com outros aspectos sociais e evolutivos deu-lhe um nome e criou rituais que julgava agradar-lhe.

O interessante, se é que se pode considerar desse modo atitudes que segregam, é que cada povo assumiu uma convicção de que a verdade recai somente nas suas ideias.

A “verdade” de cada um impinge um testamento de “mentira” sobre a verdade do outro.

O que era para Ligar, ou “Religar”, separa, julga, afasta, vira motivo para ofender, culpar, desprezar e até matar.

A cada nova geração que surge, o efeito provocado por essas formas de “religiões” vai causando aversão.

O que era para ser “negação às religiões” confunde-se ou estende-se à “negação a existência de um criador”.

A corda da ignorância estica e (essa é a minha sincera opinião) em um extremo dela estão os Religiosos fanáticos e no outro os Ateus convictos.
 (Ivana Lucena)


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