Há muito questionamos se o Brasil é mesmo
um país laico, ou seja, se governo e religião são duas coisas dissociáveis. Vamos lembrar que
governo laico é, relativamente, uma proposta nova, ela surgiu com a democracia.
Antes disso, a constituição do Império previa que a religião oficial do país
seria a Religião Católica. A gente conhece bem esta história.
O que se discute hoje, com relação ao
caráter laico do país é, principalmente, a manutenção dos feriados religiosos
católicos no calendário oficial do governo. Um questionamento justo,
considerando que nenhuma outra religião ou crença tem suas comemorações
estendidas oficialmente para todo o país.
É certo que nós brasileiros somos
inegavelmente um povo cristão. É bem verdade também que não erámos assim no
princípio, mas, aí... Vieram os catequistas. Conhecemos bem esta história, que
é um reflexo de toda história de poder que a igreja católica exercia no mundo
Hoje o que se assiste em nosso país é o
crescimento exacerbado de igrejas evangélicas. Assim, é obvio que pouco a pouco
venhamos observando uma substituição de “católicos por evangélicos” nas
representações políticas e nos cargos governamentais.
Esta preocupação reascende com a polêmica
gerada em torno da eleição do pastor evangélico e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) para
presidir a Comissão de Diretos Humanos da Câmara, em Brasília. Várias denuncias
surgiram, principalmente pela internet, questionando o caráter do deputado.
Inclusive vídeos abomináveis com ele e seus colaboradores transformando a
igreja em um verdadeiro mercado.
Não se aplicaria neste caso aquela lição
bíblica: "Está
escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais
em covil de salteadores." (João
2:13-16; Mateus 21:12-13)?
Acontece que nem sempre, ou quase nunca
se vê em tais representantes religiosos a postura orientada por aquele sábio da
galileia e perpetuada nos livros da Bíblia: “Daí a Cesar o que é de Cesar e a
Deus o que é de Deus.” (Mateus 22). Ou seja, deveriam entender com esta
orientação que temos que cuidar para que realmente as coisas estejam separadas.
Mas isso não ocorre.
Lutar
contra isso é uma ação de extrema dificuldade porque muitos deles assumem os
cargos justamente comprometidos de pregarem lá os ideais da sua religião ou,
pior que isso, “os seus próprios ideais”. Prática que já é bem comum na
política brasileira.
Repito aqui o que disse no facebook: “Quando política e religião se misturam, não devemos esperar
eficiência. Muito pelo contrário, é uma combinação perigosíssima. Os países
dominados por lideres religiosos nos dão o exemplo do que será o Brasil se
continuarmos avançando nesse quadro que nitidamente vem se formando atualmente...”
Não queremos ter um país ateu, nem
católico, nem evangélico, nem umbandista, nem espírita ou de outra religião
qualquer. O que queremos é o direito de cada cidadão fazer as suas próprias
escolhas e isso corre o risco de ser impedido se permitirmos a eleição de
pessoas radicais. É nisso que devemos estar atento. É contra isso que devemos
estar dispostos a lutar.
2 comentários:
Ivana, Seu texto é coerente, mas incorre na mesma condição do que escrevi. Pegar João 2:13-14 e Mateus 21:12-13 isoladamente induz a pensar que os templos estavam sendo utilizados pelos líderes religiosos e o que Jesus trata é da expulsão dos vendedores e cambistas.
Eu comungo com esta interpretação: "Em Marcos 12:40 e em Lucas 20:47, Jesus novamente acusa as autoridades do Templo de ladrões e, desta vez, afirma que as viúvas pobres, como vítimas, são a prova. Os vendedores de pombas estavam vendendo os animais que seriam sacrificados pelos pobres que não podiam comprar sacrifícios mais caros e, especificamente, pelas mulheres. De acordo com Marcos 11:16, Jesus proibiu as pessoas de realizarem qualquer tipo de comércio no Templo - uma sanção que certamente arruinaria os sacerdotes[4] .[7] " ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_expulsando_os_vendilh%C3%B5es )
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