Hoje foi o primeiro dia de aula da minha filha nº 2, na UFRN.
Sabe como é primeiro dia, aquela expectativa, aquele nervosismo – Não posso me atrasar. – E se eu não acertar a sala? – E se...
Depois do almoço foi toda uma comitiva familiar acompanha-la. Eu, a filha nº 1 e a nº 3.
Quando fui pegá-la no final do horário a sua alegria havia desaparecido.
Confessou haver passado um grande aborrecimento, juntamente com algumas amigas que já havia conseguido na Universidade.
Acontece que elas foram vítimas de um trote realizado por um grupo de veteranos. Mesmo alegando que não gostariam de participar.
Tudo começou, segundo ela me contou, quando o grupo de entrou na sala de aula delas e convidou a turma para um “Tour” pela Universidade.
Ela disse que entraram em um ônibus climatizado e no início todos foram muito gentis, mostrando o Campus e dando orientações como “Seguir as placas de sinalização ao invés de pedir informações para se prevenirem contra brincadeiras de mau gosto dos veteranos”. (*)Quando o passeio terminou, o onibus deixou os alunos dentro do Campus. Depois disso, o grupo de veteranos convidaram todos os alunos para seguirem a pé a um local próximo a universidade, a fim de apresentarem-se uns aos outros, para se conhecerem melhor. Chegando ao local, que depois ela reparou tratar-se de um bar, todos foram convidados para se acomodarem em umas mesas e cadeiras.
Alguns alunos beberam nessa hora e depois deram início ao trote.
As brincadeiras começaram com os veteranos pintando as unhas dos calouros. O que já criou um problema quando sujou de esmalte a bolsa de uma das meninas, que não gostou.
A pior parte, segundo a minha filha foi quando as forçaram a segurar umas placas para serem fotografadas. Quando ela olhou para a placa que lhe deram, estava escrito “CALOURA BUCE_ _”. Ela não gostou e pediu que trocasse a placa.
Nesse momento surgiram vaias e gritos e um dos rapazes, com trejeitos afeminados, bradou lá de trás: “ – DESENHA UMA PI _ _ e bota na boca dessa PU _ _”.
Ofendida, ela disse-me que rasgou a plaqueta e falou para a turma que não estava gostando e que não queria participar de nenhuma brincadeira.
O rapaz que a havia agredido com aquelas palavras, não se conteve e soltou uma ameaça dizendo: “ – Se prepare viu, caloura? Que amanhã você não escapa.”
Tentei convencê-la a denunciar o caso para a Universidade, mas, ela está relutante em aceitar fazer isso. Eu entendo que não queira prosseguir adiante com essa história, principalmente porque teme represália quando estiver indo para casa, fora do Campus.
Acontece que não podemos nos calar diante de situações como essa, que para alguns não passa de uma besteira, de uma simples brincadeira que alguém não gostou.
O problema não é esse. O problema é que o direito do outro deve sempre ser respeitado e isso não aconteceu.
Eu que festejei tanto por ter duas filhas na Universidade Pública Federal, temo assistir elas se desestimulando por não encontrar segurança e organização nesse espaço que deveria continuar sendo o celeiro dos grandes profissionais que contribuirão para o crescimento e a evolução do nosso país.
(*)PS. A parte destacada é uma correção feita no texto original e objetiva esclarecer que a empresa responsável por transportar os alunos no passeio pelo Campus cumpriu responsavelmente o seu trabalho deixando os alunos dentro dos limites da Universidade e que só depois eles seguiram a pé para o local fora do Campus, onde ocorreu o trote.
Um comentário:
Ai, fiquei indignada!!
Um dia que era pra ser alegre terminar assim, mas não fique triste sobrinha nº2, vc é bem maior que tudo isso!
Alguns jovens desconhecem diversão saudavel, lementavelmente e achando que vai ser legal o vocalista da banda gurizada fandangueira, que queria diversão e acobou da forma terrivel, como todssabem. Fica o alerta, divirta-se, mas não pense só em vc e no momento!!!
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