Duas das minhas filhas se preparam para o vestibular e para o ENEM.
Penso na minha participação e sobre o papel da escola nesse momento.
Chegando a hora das provas o nervosismo aumenta. Um delas está mais insegura porque o seu
rendimento escolar, ou seja, as suas notas estão bastante baixas, mesmo com todo
esforço e a disciplina que vem dedicando para estudar, receia não ser aprovada.
Mas a sua grande preocupação mesmo são os
exames para a universidade e, como a maioria dos seus amigos, ela estuda em dois cursos
preparatórios fora da escola. Sobre isso eu penso que
a necessidade de cursos extras é uma sinalização de que a escola regular não
está integralmente cumprindo o seu papel.
A sua insegurança soma-se à dúvida sobre a escolha da profissão ou da área de estudo. Embora seja natural nessa idade a dúvida, considero que isso também traduz uma falha da escola e minha também. Faltou com certeza uma maior orientação sobre os caminhos profissionais. Refiro-me não somente às técnicas de informações, falo, especialmente, da dedicação à observação sobre as áreas de interesse dela, sobre as suas potencialidades e envolvimento com alguma atividade ou conhecimento específico.
A cobrança exacerbada de uma aprendizagem generalizada, típica da
maioria dos currículos das escolas, e a ausência do olhar para “o específico”, para os
interesses do jovem, sem dúvida nenhuma contribui bastante para o agravamento
desse quadro de insegurança em que a minha filha e muitos outros jovens se
encontram. É como se lhes fosse dito: - Se você não é bom em tudo, não é bom em
nada!
Percebo que essa necessidade em ser “bom em tudo”, desconsiderando
a área de interesse do aluno, acaba levando a frustração. Precisamos urgentemente
avançar para uma postura pedagógica que prima pelo reconhecimento dos talentos
dos individuos e a valorização da capacidade de cada um.
Tal
proposta não pode ser confundida com a desconsideração sobre a importância do
acesso ao conhecimento amplo de diversificado, muito pelo contrário, ela
oportuniza os alunos a reconhecer os seus interesses e também a conhecer e valorizar os interesses e conhecimentos
produzidos por outras pessoas.
Embora ainda não me reconheça com relevada propriedade para discutir
sobre esse tema, a contribuição das pesquisas do psicólogo Howard
Gardner, na década de 80, que resultou em especial na sua teoria das inteligências
múltiplas, representa uma
grande contribuição para a pedagogia porque busca exaltar a importância do
olhar da escola e da família sobre as habilidades, os talentos e os interesses
dos alunos.
Pensando no meu papel de mãe, ressinto-me de não
haver participado mais desse tipo de discussão dentro da escola. A lição que
tomo pra mim é que o futuro dos nossos filhos não está na valorização que damos
à escola, mas na valorização que a escola dá a eles e nós também.
2 comentários:
Realmente é um ponto muito importante que acho que está cada vez mais deixado de lado. As responsabilidades não estão mais claras e um está passando para o outro. O resultado? Estamos vendo...
[]s
É meu amigo, nesse mundo competitivo o que assistimos é as escolas privadas importando-se somente com os seus lucros, nas escolas publicas muitos professores importando-se somente com os seus salários e nas famílias os pais ocupados demais para dar a atenção que os filhos necessitam . É um tal de cada um por si... Por sorte existem aqueles que fazem a diferença e devem ser apresentados sempre como exemplos. Um abraço e obg pela participação, tá, Rafael?
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