Agora a pouco, fui deixar uma das filhas para assistir a um filme
com uma amiga.
Quando parei o carro em frente ao Shopping para elas descerem,
observei na calçada escura de um restaurante fechado, alguns meninos que se
preparavam para dormir. Um já estava totalmente coberto com um lençol
encardido, o outro, na medida em que se recostava na parede enfiava os braços
para dentro da camisa numa tentativa de se amparar do frio.
Do lado oposto, a calçada iluminada do shopping acolhia outras
pessoas, bem vestidas, sentadas em torno das mesas, em conversas alegres,
degustando os seus pedidos.
Deixei as meninas que, envoltas em seus interesses de juventude,
nem deram conta do que acontecia nas duas calçadas.
Logo mais a frente, outro rapaz, de cabeça baixa e olhar perdido no
vazio, me passava a impressão de alguém que não tinha mais nada com o que
contar. Triste vida essa, pensei. A de quem não tem um lar, uma família, uma
alimentação certa e um futuro para planejar.
Não importa os motivos que os levaram para lá.
Nunca deveriam existir calçadas escuras na vida de ninguém.
Deitar em uma cama quentinha, se enrolar em um cobertor limpinho, sentir-se
protegido, amado, farto de alimento e cheios de sonhos para realizar, eram para
ser direitos de todos os seres humanos.
Ainda no caminho, dei com algumas moças e rapazes que acabavam de
fechar uma igreja e se dirigiam para as suas casas, com a bíblia embaixo do
braço, de cabeças erguidas, transpareciam a sensação de paz e de dever
cumprido.
Um comentário:
Gosto desse seu olhar, Ivana, isento de barreiras...
Beijo :)
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