sábado, 18 de janeiro de 2014

AOS QUE SE DIZEM ESCRITORES


Essa semana alguém perguntou a mim se eu era uma escritora.
Embora, na mesma hora, tenha dado a única resposta possível e verdadeira, essa questão voltou a martelar a minha cabeça em outra situação posterior.
Eu jamais teria hoje o atrevimento de considerar-me uma escritora. Estou bastante longe disso. Isso não é uma falsa modéstia ou uma declaração à espera de elogios. É somente a pura verdade e a resposta que dei àquela pergunta.
                Admiro demais a arte de escrever e compreendo que antes de ser um dom é na verdade um exercício de uma paixão. Lamento pelos que, também tendo essa paixão, não alcançaram pelo menos a capacidade de autoavaliação e julgam-se escritores sem ainda o serem.
O motivo de todo esse meu escrito é realmete um desabafo, provocado por ver algumas pessoas postando seus textos nas redes sociais se intitulando escritores e poetas. Poderiam realmente fazê-los se assim fossem de verdade.
Mas, o que vemos são textos mal escritos. Uma tentativa forçada de aparecerem, ou, uma autoafirmação ingênua, prefiro pensar assim, de quem talvez desconheça de verdade o que é ser um escritor.
                Se essas pessoas dedicassem um pouco de esforço para pesquisa, constatariam que o  caminho para tornar-se um escritor é longo e só se faz possível com perseverança e humildade. Aprendemos com os exemplos, com os mestres, com os que já estão à nossa frente. Disso eu sei. E nesse caminho o que buscamos é o nosso próprio estilo e um objetivo para escrever que não seja somente o de aparecer.
Talvez eu já tenha sabido disso há muito tempo, mas essa afirmação reacendeu em mim nas palavras do personagem do filme o Marquês de Sade: “- Quem produz mais do que o que lê, será sempre um amador!”.
Espero não ter sido muito rude, honestamente não gostaria de tê-lo sido. Tampouco queria a pretensão de saber mais do que outras pessoas que estão por aí tentando serem escritoras. Só queria mesmo era juntar-me a elas nessa reflexão a respeito da necessidade que temos em ler bastante, conhecer estilos bem variados, aprender a distinguir bons textos e escrever tudo o que temos vontade, sem medo de nos mostrarmos aprendizes. Até porque, quando se trata de escrever bem, nunca chegamos à perfeição, seremos sempre aprendizes.

 O que importa é sermos cada vez melhor no que fazemos e no que nos tornamos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

DITADURA MILITAR NO BRASIL

Ditadura Militar no Brasil.
O que sei sobre ela? O que leio nos livros, o que vejo nos filmes, o que ouço falar.
Nasci com ela, 1964.
Na TV da casa do vizinho eu assistia os bonequinhos cantarem:
“Esse é um país que vai pra frente. Ô ô ô ô ô. De uma gente amiga e tão contente. Ô ô ô ô ô...”
Década de 70, era assim:
Fardinha azul e branca, prancheta na mão, fila no pátio para cantar o hino Nacional, o hino da bandeira, saborear a merenda escolar, brincar com pedrinhas no chão, muito suor, risadas, leituras, carteira de dois, lápis grafite, borracha para apagar...
Minhas lembranças reais.
1985. Fim da Ditadura.
O que sei sobre isso?  O que leio nos livros, o que vi na tv, o que ouço falar.
O que vivi de verdade? Discoteca, Dancing days, Jonh Travolta, amigos, paquera, escola, risadas...
Enquanto isso:
Muitos davam a sua vida para que eu vivesse em um mundo mais livre.
Hoje, poucos valorizam essa herança paga com sangue de jovens que teimaram em agir ao invés de apenas sonhar.
Porque lembrei disso hoje?
Porque assisti a um filme nacional “Novela das oito”.

Cenas da ditadura militar sempre me entristecem; me comovem e me causam revolta dessa capacidade humana de ser tão desumana. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

OS LIMITES DA MINHA OUSADIA

Escolhi uma foto para o meu Avatar.
Estava calor, verão, postando as fotos das férias na praia...
Ousei, pus eu lá, de biquine no Avatar.
Depois pensei: E quando virem o que vão dizer? O que vão pensar?
Eu, exposta, meia idade, meio vestida, meio nua, meio a vontade, a me mostrar?
Pensei naqueles que pensam: nos que vão julgar, nos que vão falar...
 De imediato comecei a recordar:
Onde estavam quando eu precisava? Quando eu chorava? Quando eu sentia medo, saudades, tristeza, solidão...? Quando o juízo fervia e não me deixava o sono chegar?
Definitivamente, não estavam comigo lá.
Vendo assim, é fácil pensar.
Mas, sentir nem sempre condiz com raciocinar.
Então, volto ao tribunal, volto eu mesma a me julgar.
Olhando pra mim, seminua, presa no meu Avatar.
Por toda uma vida, enfrentando o dilema: Me preocupar ou Não me preocupar?
“Eis a questão”: Com o que os outros vão falar.
Pensei que com idade e autonomia se conquistasse o direito de mandar se danar.
Sempre quis que assim fosse, mas vejo, ainda hoje, que nem sempre dá.
O que fazer com essa prisão que nos deixamos vagar?
Agora mesmo, nesse momento de conflito, O que fazem “os outros” que detêm o direito de me julgar?
Posso imaginar.
Nunca irei me conformar
Com esse direito que a minha fraqueza teima em dar, 
de submeter a minha vida ao julgamento de quem nunca está nela quando preciso para me ajudar.
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