terça-feira, 17 de julho de 2012

LIBERTANDO-SE DO VÍCIO


Vício. Muita gente não sabe ao certo o significado real dessa palavra. Algumas pessoas declaram, por exemplo, em tom de brincadeira – Ah, eu sou uma viciada em internet.  – ou em outra coisa que ela gosta muito e que julga satisfazer-se com seu uso mais do que deveria. Todavia, isso ainda está muito distante do que se caracteriza realmente ser uma pessoa viciada.

Ultimamente a palavra viciada está muito associada ao uso de drogas, por motivos bem óbvios que todos nós sabemos, mas, o ser humano pode tornar-se viciado em qualquer coisa, tipo: comida, bebida, jogo, comportamento, tarefa, sexo, entre outros e, principalmente, drogas.

O vício não se inicia como tal. Na verdade, ele se instala de maneira sorrateira. Ou seja, no princípio, e até durante muito tempo, é comum a ilusão de que se tem o domínio sobre aquela determinada coisa. A autoafirmação de que se está viciado vem muito depois da constatação feita pelas outras pessoas ao redor.

Ser viciado quer dizer: perder o controle sobre si mesmo.

Uma americana que perdeu setenta e seis quilos, segundo ela, sem o recurso de remédio ou cirurgia, apenas através da “reeducação alimentar e exercícios físicos”, relata em entrevista que continua frequentando festas mas resiste em comer “o primeiro docinho”.  A mulher afirma que de acordo com as suas experiências frustradas para emagrecer, chegou a conclusão de que se ela permitir-se comer “apenas um”, com certeza acaba perdendo o controle e comerá compulsivamente vários.

Todos nós sabemos que o principal lema do Grupo do AA (Alcóolicos Anônimos) é “Evite o primeiro gole”.

Essa é uma regra que vale para todo o tipo de vício. Não é nada fácil mantê-la, mas sem ela é impossível combater o vício. Não se consegue dominar um vício fazendo uso de poucas dosagens. Isso é mera ilusão. Aceitar essa condição já é meio caminho andado para a vitória. Daí em diante é se abastecer de coragem e perseverar.

Quando se retira da vida algo em que se viciara, logicamente, de uma forma ou de outra, abriu-se mão de um prazer, de uma coisa que preenchia parte da pessoa e que, apesar das consequências, tinha uma justificativa para existir. Portanto, é necessário que alguma recompensa seja posta em seu lugar.

Libertar-se de um vício é uma atitude bem mais emocional do que racional. Por isso, as vantagens que são obvias para os observadores tem outra conotação para quem está envolvido.  Esse dilema interior é um grande causador de sofrimento, pois ao raciocinar sobre o que está fazendo o viciado enxerga de uma forma alterada a própria fraqueza.

Dizer que o apoio da família é crucial para o tratamento é tão obvio quanto lembrar que esta é a parte mais afetada em toda a história. Assim, tão forte quanto o amor que empurra para o apoio, a compreensão e a parceria, encontra-se a mágoa, o rancor, o cansaço e a descrença. Não é errado dizer que todos estão doentes e todos precisam ser tratados de acordo com a forma em foram afetados.

Felizmente existem muitas instituições para ajudar a pessoas que se encontram nessas condições. Muitas delas criadas justamente por quem já enfrentou esses sofrimentos.

Devo esclarecer também que  as instituições e  os órgãos que tratam sobre esse assunto preferem utilizar o termo “dependência”. Eu estou chamando aqui de vício como uma provocação para refletirmos mais profundamente a situação.

2 comentários:

Célia disse...

òtimo assunto a ser abordado, amiga, pois, vício é realmente algo muito serio! Você escreve muito bem! Parabéns pela abordagem! bjos no S2!

Ivana Lucena disse...

É, minha querida, esse é um assunto que permite abordagem diversas, de acordo com o entendimento e a experiência de cada um. Quem já assistiu de perto ou, de alguma forma, participou da dor de conviver com esse problema, sabe da tristeza e da desgraça para qual um vício pode arrastar toda a família.

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