Vício. Muita gente não sabe ao certo o significado real dessa
palavra. Algumas pessoas declaram, por exemplo, em tom de brincadeira – Ah, eu
sou uma viciada em internet. – ou em
outra coisa que ela gosta muito e que julga satisfazer-se com seu uso mais do
que deveria. Todavia, isso ainda está muito distante do que se caracteriza
realmente ser uma pessoa viciada.
Ultimamente a palavra viciada está muito associada ao uso de
drogas, por motivos bem óbvios que todos nós sabemos, mas, o ser humano pode
tornar-se viciado em qualquer coisa, tipo: comida, bebida, jogo, comportamento,
tarefa, sexo, entre outros e, principalmente, drogas.
O vício não se inicia como tal. Na verdade, ele se instala de
maneira sorrateira. Ou seja, no princípio, e até durante muito tempo, é comum a
ilusão de que se tem o domínio sobre aquela determinada coisa. A autoafirmação
de que se está viciado vem muito depois da constatação feita pelas outras
pessoas ao redor.
Ser viciado quer dizer: perder o controle sobre si mesmo.
Uma americana que perdeu setenta e seis quilos, segundo ela, sem o
recurso de remédio ou cirurgia, apenas através da “reeducação alimentar e
exercícios físicos”, relata em entrevista que continua frequentando festas mas
resiste em comer “o primeiro docinho”. A
mulher afirma que de acordo com as suas experiências frustradas para emagrecer,
chegou a conclusão de que se ela permitir-se comer “apenas um”, com certeza
acaba perdendo o controle e comerá compulsivamente vários.
Todos nós sabemos que o principal lema do Grupo do AA (Alcóolicos
Anônimos) é “Evite o primeiro gole”.
Essa é uma regra que vale para todo o tipo de vício. Não é nada
fácil mantê-la, mas sem ela é impossível combater o vício. Não se consegue
dominar um vício fazendo uso de poucas dosagens. Isso é mera ilusão. Aceitar
essa condição já é meio caminho andado para a vitória. Daí em diante é se abastecer
de coragem e perseverar.
Quando se retira da vida algo em que se viciara, logicamente, de
uma forma ou de outra, abriu-se mão de um prazer, de uma coisa que preenchia
parte da pessoa e que, apesar das consequências, tinha uma justificativa para
existir. Portanto, é necessário que alguma recompensa seja posta em seu lugar.
Libertar-se de um vício é uma atitude bem mais emocional do que
racional. Por isso, as vantagens que são obvias para os observadores tem outra
conotação para quem está envolvido. Esse
dilema interior é um grande causador de sofrimento, pois ao raciocinar sobre o
que está fazendo o viciado enxerga de uma forma alterada a própria fraqueza.
Dizer que o apoio da família é crucial para o tratamento é tão
obvio quanto lembrar que esta é a parte mais afetada em toda a história. Assim,
tão forte quanto o amor que empurra para o apoio, a compreensão e a parceria,
encontra-se a mágoa, o rancor, o cansaço e a descrença. Não é errado dizer que
todos estão doentes e todos precisam ser tratados de acordo com a forma em
foram afetados.
Felizmente existem muitas instituições para ajudar a pessoas que se
encontram nessas condições. Muitas delas criadas justamente por quem já
enfrentou esses sofrimentos.
Devo esclarecer também que as instituições e os órgãos que tratam sobre esse assunto
preferem utilizar o termo “dependência”. Eu estou chamando aqui de vício como
uma provocação para refletirmos mais profundamente a situação.
2 comentários:
òtimo assunto a ser abordado, amiga, pois, vício é realmente algo muito serio! Você escreve muito bem! Parabéns pela abordagem! bjos no S2!
É, minha querida, esse é um assunto que permite abordagem diversas, de acordo com o entendimento e a experiência de cada um. Quem já assistiu de perto ou, de alguma forma, participou da dor de conviver com esse problema, sabe da tristeza e da desgraça para qual um vício pode arrastar toda a família.
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