quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

PREFIRO


Prefiro um coração ferido
Um coração vazio
Não

Da dor de um sentimento
Da mágoa de uma paixão
Brota um poema
Uma canção
Da ausência de amar
 Não


Na saudade
As lembranças
Trazem você para o meu lado
A solidão de nunca haver amado
Não 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A DOR ALHEIA


Sempre compreendi a dificuldade que há em se avaliar a dor do outro. Principalmente quando esta se distancia muito da nossa realidade.

Fica difícil, por exemplo, entender o que é sentir fome quando se está de barriga cheia ou se tem a confiança de poder comer a qualquer momento.

Certa vez eu tive uma experiência muito interessante, que me fez refletir mais ainda sobre essa questão.

Na época eu estava bastante envolvida com os trabalhos de evangelização de crianças na Capela católica que ficava no meu bairro e também fazia parte do grupo musical.

Experimentei praticar o jejum. Buscava uma introspecção de uma tentativa de sentir na minha fragilidade humana uma aproximação maior com a minha espiritualidade. Penso que realmente necessitava disso naquele momento.

Li a respeito da prática do jejum e certifiquei-me de seguir os preceitos biblicos de não revelar nem transparecer aos outros. Deveria ser uma experiência muito pessoal, discreta e humilde.

Em um dia desses de jejum, já por volta das onze da manhã, desde cedo acordada, a minha barriga começava a doer de fome. Fui até a farmácia, a pé, que ficava a certa distância da minha casa.

Na volta da farmácia, eu trazia na mão o troco do remédio que havia comprado e ao dobrar a esquina que dava para uma lagoa fui abordada por um rapaz todo molhado. Refeita do susto prestei atenção no que me dissera.

- Senhora... – disse-me ele – estou tomando banho nessa lagoa para ver se passa a minha fome, mas não estou mais suportando, a minha barriga está doendo demais. A senhora entende?

Nesse momento eu consegui entende-lo perfeitamente, pois na minha barriga também sentia a mesma dor. Dei-lhe o troco que eu tinha nas mãos.

Agradeci a Deus por tal experiência.

Entre aquele rapaz e eu, certamente, havia uma grande diferença: Eu trazia a certeza que ao chegar em casa o alimento me aguardava para aliviar a dor da fome.

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Eu me recordei dessa história porque estava, esta semana, assistindo a um filme com minha filha, , deitadas no sofá, enroladas em uma colcha quentinha, enquanto lá fora caía uma chuva fortíssima, com raios e trovões de amedrontar.

Lembrei-me do que está acontecendo no sudeste do país e pensei em quantas pessoas não estavam como nós, amparadas. 


Orei por elas e agradeci por nós que felizmente não experimentamos aquela dor.

O importante é mantermos a sensibilidade para compreender a dor alheia e ajudar sempre que estiver ao nosso alcance. Não esqueço nunca isso.


Skank -- Dois Rios - LINDA MUSICA, QUIS DIVIDIR COM VOCÊ *-*

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A NATUREZA, AS VEZES É CARA DESFRUTÁ-LA



Maior solzão, praias lindíssimas..Desculpa a invejinha tá? Fui a praia nesse período de férias.

Também sou filha de Deus.

Praia de Maracajaú, a mais ou menos setenta quilometros daqui de Natal.

Passei três dias lá, descansando. Aproveitei de tudo.

Todas as manhãs curtia a praia; o sol;  brincava com Samuel de guerra de areia e de pular  ondas.

A tardinha a gente passeava, mamãe; a minha irmã e o seu netinho iam junto. Ao nosso lado, seguia o mar e o vento maravilhoso, aquela brisa da tardinha, que traz uma preguiça danada.

A noite era refresquente e o barulho vindo da escuridão do oceano trazido pelas ondas ajudavam a embalar o sono e serenava a alma.

Não pretendo estragar o clima, mas, gostaria de contar uma coisa que me chamou atenção.

A praia, uma antiga colonia de pescadores, como a maioria é, tornou-se um polo turistico. Todos os moradores, de certa forma, estão envolvidos, oferendo produtos e serviços aos visitantes.

Assim que chegamos, fiquei perdida, não sabia direito o caminho para a casa onde a minha irmã estava.

Parei para pedir informação e um morador logo me indicou: - Pergunte aquele ali – disse-me apontando para um moço que vinha em nossa direção – Ele é guia turístico daqui – concluiu.

Quando o guia turístico se aproximou do carro, descalço e sem camisa, abriu imediatamente um largo sorriso profissional. Não pude evitar o pensamento: - Coitado! - quando reparei na sua boca uma fileira de dentes alternando com espaços vazios.

Mensionei para o profissional o ponto de referência que eu procurava e ele deu-me as orientações: - Tá vendo essa estrada – apontou para um caminho de barro por dentro do mato. – A senhora segue por ela até encontrar outra, entra a esquerda e depois a esquerda novamente, segue mais um pouco que chegará lá. – Segui.

Nunca vi uma estrada tão longa que não chegava nunca, a lugar nenhum.

Quando compreendi que estava mais perdida do que antes da orientação do guia, decidi voltar todo o caminho, para o início da cidade.

 Por sorte a amiga da minha irmã encontrou-me e me guiou, finalmente para o lugar certo, que ficava apenas há alguns metros de onde eu parei para pedir informação.

Pois, bem. Quando finalmente comecei a usufruir da praia, foi que comecei a prestar a atenção nas coisas direitos.

A maioria das casas à beira-mar tornaram-se restaurantes e bares. Algumas residencias, as vezes bem humildes, tinham na fachada uma placa escrita: POUSADA.

Os jovens da cidade, muitos deles, trabalham agora para uma grande empresa que faz passeio de barco para os “parrachos” e mergulhos com os turistas.

 Os mais velhos ainda pescam, só que os peixes agora são caríssimos, oferecidos nos cardápios refinados dos restaurantes.

As senhoras  da praia conseguem sempre um jeito de ganhar dinheiro fazendo faxina e tomando conta das casas dos “gringos”.

O que eu achei realmente interessante de tudo o que vi é que o produto que todos eles oferecem, como algo raro e encantador, é  simplesmente, nada mais, nada menos, que o desfrute da natureza.

Alguns desses turistas passam toda a vida se matando de trabalhar para ter  condições de um dia poder estar lá, “rico”, aproveitando a natureza bucólica e sendo servido pelos povo simples que até já aprenderam a falar  inglês, para melhor oferecê-la.

Felizmente, para mim, diz um velho ditado – “Mais vale um amigo na praça do que dinheiro na caixa”. Sei que é um consolo, mas como não sou rica, “ainda”, aproveito as oportunidades oferecidas pelos amigos para usufruir também um pouquinho das maravilhas da natureza.

Essa  natureza que recebemos gratuitamente e depois torna-se tão cara desfrutá-la.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A NOSSA ÁGUA CONTAMINADA

(Imagem: portaldeextensao.wikidot.com
Alguns filmes de ficção, futurísticos, chocam-nos por apresentar comunidades acostumadas com certas privações da natureza. Como cenas que mostram as pessoas conhecendo a fauna e a flora terrestre apenas através de arquivos ou  convivendo naturalmente com a escassez de água e coisas desse tipo.
Acontece que esse futuro já chegou na vida real.
Muitas são as crianças e até adultos que nunca viram, por exemplo, uma vaca, uma galinha ou um pé de tomate, de perto, ao vivo.
Acostumamo-nos de tal forma com certas coisas, que estas se tornam natural  para a gente.
           É o caso, por exemplo, de sermos obrigados, aqui em Natal- RN, a comprar água mineral para abastecer a nossa casa porque a rede de águas  encontra-se contaminada por Nitrato.
Um problema que já vem sendo alertado há mais de dez anos, como a postagem publicada no blog http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u14735.shtml , no dia 17/11/2000.
 A principio, comprar água mineral parecia uma alternativa provisória, de lá para cá, nada mudou. Exceto por uma notícia publicada recentemente, em novembro de 2010, que descreve sobre o projeto aprovado pela câmara de vereadores prevendo a utilização da água contaminada para “agoar os canteiros da cidade”.Tal projeto apresenta-se como uma medida para “reciclar” naturalmente a água, permitindo que as plantas  a descontamine.  http://www.correiodatarde.com.br/editorias/correio_politico-59060 .
Penso que esperaram muito tempo para tomar uma medida tão fraca quanto essa. Tempo suficiente para enriquecer muitos proprietários de fontes de água mineral. Estes devem estar aprovando totalmente as providências dos nossos administradores, já que não representam nenhuma ameaça para o seu próspero comercio do liquido vital.
Tem ainda outro agravante, 90% da população não têm condições de abastecer as suas casas com a água mineral, que já subiu de preço cerca de duas vezes no ano passado. Estes estão literalmente condenados a se intoxicarem com a água contaminada de Nitrato, que também pagam para receber em suas casas.
Poucas são as pessoas que reclamam.
Vamos nos acostumando com as nossas privações e tornando-as naturais.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

QUANDO A INFÂNCIA VOLTAR

Este ano, como nos anteriores, não tirei oficialmente férias. Todavia, como a escola está fechada, dei-me o luxo de tirar um tempo para passear; resolver umas coisas e até relaxar.
Esse último, descobri, é quase impossível fazê-lo.
Assustei-me com a constatação de que não consigo mais relaxar. A ociosidade parece acusar a minha consciência, o tempo inteiro, de que não tenho esse direito. Sei que isso é terrível e, certamente, não é nada saudável.
Tudo começa com a hora de acordar, não consigo passar das sete horas, dá uma sensação de está perdendo o dia, “este que não volta mais”, é o que penso. Resolvi este problema deixando sempre ao lado da cama os meus óculos e algo para ler.  Lendo, eu tenho a certeza de não está perdendo tempo enquanto não faço nada. É assim quando estou em filas de banco, de supermercado, em salas de espera, etc. Se não há nada para ler eu dou um jeito de puxar conversa com alguém, ou retiro um lápis e papel da minha bolsa e começo a desenhar ou escrever. Ficar parada esperando o tempo passar é sempre uma tortura para mim.
Já virou motivo de gozação e de protesto também, a minha mania de não conseguir ficar parada. Para assistir a um filme comigo, as minhas filhas chegaram a uma decisão - “só se for no cinema”. Em casa eu estou sempre achando um motivo para me levantar, fazer uma pipoca; desligar a máquina; atender ao telefone; colocar o lixo para fora e outras coisinhas que vão aparecendo como urgentes na minha cabeça. Há também o agravante de, além de encontrar o que eu fazer, as vezes encontrar para os outros fazeren também e aí já viu né¿ Os protestos são maiores ainda.
Não consigo achar o equilíbrio entre relaxar e ser responsável. Pode parece fácil. Para mim, nunca foi. Sempre que decidi relaxar totalmente, parece que excedi. Além da minha própria consciência foram muitas as cobranças e críticas recebidas. Então, concluo que não sei aproveitar o ócio.
Penso que perdi essa capacidade, ficou lá na infância, tempo bom, que passava devagar, dava tempo de se deitar na grama e assistir as nuvens desfilarem as suas criatividades de criar desenhos. Dava até para me imaginar pulando nelas, fofinhas, me escondendo e dando cambalhotas, como numa cama elástica gigante. Nesse tempo, o tempo também esperava eu ficar deitada no meio do sítio, com os olhos fechados, fingindo-me de morta, para enganar os urubus que voavam tão alto, pareciam risquinhos pretos rodeando no azul do céu.  Ainda sobrava tempo para brincar, tomar banho no rio e tantas outras coisas, antes da noite cair escurecendo o sítio e suspendendo o tempo para o outro dia. 
Hoje o tempo é insuficiente, fica perdido nos afazeres domésticos; nas idas e vindas pelo trânsito estressante; nas filas de bancos; no trabalho; nas oficinas, consertando o carro; nos supermercados. Quando sobra um pouquinho eu leio um livro, os Blogs; visito meu Orkut, para dar um alô para os amigos, que eu não tenho tempo de encontrar pessoalmente; essas coisas. De vez em quando, me faço de doida e me excedo, aí já entendeu né¿ Depois vem a consciência; as broncas.
Sei não, viu¿ Um dia eu encontro esse tal equilíbrio ou vou vivendo assim até ficar bem velhinha, quando se recebe de volta a infância e todo o tempo para observar as nuvens; o céu e as coisas boas que a fumaça da responsabilidade não permite enxergar nitidamente quando somos adultos. 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CEDO

É TEMPO CERTO PRA TE DIZER
DEIXEI DE ENLOUQUECER
JÁ NÃO TE DOU A MÃO
NEM CHORO NO CAMINHO DE VOLTA
SE DER CERTO
TUDO BEM
SE NÃO DER
VOLTO A SER ALGUÉM
QUE NÃO SE JOGA MAIS NO ABISMO
DAS TUAS PROMESSAS
AGUARDO O FRIO
QUEM SE IMPORTA
É CEDO PRA TE TER
E TARDE DEMAIS PRA TE ESQUECER
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