sábado, 31 de julho de 2010

REFLEXÃO SOBRE A MORTE


A morte

estranha sorte

para este ser

que nasceu para crescer

apto para evoluir

sensível para refletir

capaz de planejar o presente

e de construir o futuro

De que adianta ser maduro

se não compreendo a morte?

Causa da minha aflição

quando penso ser em vão

todo o caminho que andei

Eu que cunhei relações

que cultivei afeições

que ao mundo me apeguei

Refletindo essa inevitável sorte

essa estranha condenação

acredito que a vida só tem razão

se houver sentido para a morte

sábado, 24 de julho de 2010

MILAGRES ACONTECEM


Uns chamam de coincidências, outros chamam de milagres.

Seja lá o que for, um desses aconteceu comigo nesta semana.

Eu estava na escola onde sou diretora, quando uma senhora me chamou de fora, por entre as grades do portão. Ao me aproximar dela, disse-me com uma voz aflita: - Foi Jesus quem me mandou aqui. Narrou as suas dificuldades e, como eu previa, me pediu uma vaga para matricular um neto seu.

Nesse momento eu pensei: - Ela disse que Jesus a havia mandado. - E, mesmo que isso fosse um simbolismo, a idéia de Jesus haver se enganado me incomodava pois não tinhamos nenhuma vaga. Há tempos iniciamos uma lista de espera que já passava de trinta crianças aguardando.

Comovida expliquei-lhe: - Senhora, infelizmente não posso atendê-la, está vendo aquela mulher sentada ali? – Apontei para o refeitório. – Ela chegou aqui com três filhos, tentando matricular o menor e eu infelizmente, também não pude atendê-la. Mandei que lhes servissem algo para comer pois nem haviam tomado café ainda e estão ali terminando para irem embora.

A senhora me ouviu, compreendeu o que eu disse e agradeceu, me abençoando, pela atenção que eu havia lhe dado.

Com vontade de lhe dar uma esperança, pedi que voltasse no outro dia para falar com a secretaria da escola. Percebendo que provavelmente eu só estava adiando a negação do seu pedido, voltei atrás. Disse-lhe então, - Para a senhora não dá outra viagem perdida, eu vou ligar para ela e já lhe dou a resposta definitiva.

Eu já tinha certeza da resposta negativa mas, custava a acreditar que “Jesus ouvesse falhado quando mandou aquela mulher aqui”. Ainda assim, expliquei-lhe que para o caso de haver uma vaga a prioridade seria daquela mulher que chegou primeiro. A senhora, humildemente, mais uma vez compreendeu.

Liguei para a secretaria, na sua presença, para ser mais real a satisfação que me comprometi em lhe dar. Quando perguntei pelo telefone se haveria a possíbilidade de ter alguma vaga, quase não acreditei na resposta que ouvi, - Nós temos duas vagas de duas crianças que cancelaram as suas matrículas.

Enquanto eu preenchia a ficha de matrícula do neto daquela mulher, chorava ela e chorava eu, emocionada com aquele milagre (coincidência) que acabara de acontecer.

domingo, 18 de julho de 2010

CONDIÇÃO PARA O PARAÍSO


Não podemos negar

Há mais reflexão na dor

Que na alegria

Supomos então

Que se eternamente felizes

Embriagados pela euforia

Em nada refletiríamos?

E, ainda

Se não houvessem as necessidades

Se não passássemos dificuldades

Nada inventaríamos?

Não admira então

Ser o paraíso

O ultimo estágio

Do contrário

Como evoluíriamos?

(Ivana Lucena, 2009)


sexta-feira, 16 de julho de 2010

UM ENCONTRO INESPERADO


Um evento de desfile de modelos que, segundo informações de alguns, seria para a abertura da nova novela da rede Globo de televisão, ocorreu ontem em um shopoing de Natal.

Quem se atraveu a ir e chegou lá atrasada, assim como eu, deparou-se de imediato com um gongestionamento insano de veículos logo na entrada do estacionamento. Não havia, literalmente, lugar algum que pudesse deixar o carro. Tive que me virar, acabei deixando o meu em outra loja, na outra quadra, tendo que descer uma escadaria de salto alto, atravessar uma rua e, pra quê? Pra nada!

Não consegui ver nada além de muitas cabeças olhando para baixo, pela varanda central do shoping, em direção ao piso inferior. Consegui descer, junto com as minhas filhas, pelo elevador de serviço, ao lado de um tambor cheio de lixo, seu cheiro se misturava com os perfumes das pessoas elegantes e bem maquiadas que dividiam o elevador com a gente.

O Shoping era, nesse momento a descrição fiel de um formigueiro: centanas de formiguinhas nervosamente indo enfileiradas de um lado para o outro esbarrando nas que vinham em direção contrária.

O que “Diacho” eu estava fazendo lá? Acompanhando uma filha modelo. O que mais seria? Vi muitas dessas mães lá. Nunca vi juntas tanta menina, em saltos altissíssimos para ganhar mais centímetros de altura, “maquiadérrimas” e sorridentes, sempre prontas para tirar fotos.

A minha presença está explicada. Mas, o que poderia estar fazendo ali, no meio do formigueiro, anonimamente, a ex-secretária de educação do municícpio de Natal?

Eu que tive a possibilidade de outrora assisti-la poderosa comandar milhares de pessoas, com uma postura e uma aparência visual clássica . Não posso negar que naquela época essa mulher causou em mim uma impressão de extrema admiração.

Vê-la hoje, sem seu penteado, sem maquilagem, sem salto alto e funcionários prontos a atender seu comando de voz, atiçou em mim uma curiosidade que vem me remoendo. Para onde vâo todos os chefes quando o governo da oposição assume?

Lógicamente são descartados. Para cargo de confiança não importa no primeiro plano a capacitação mas a fidelidade ao governante.

É obvio que todo ser humano necessita estar cercado de pessoas que mereçam a sua confiança para poder produzir e para viver tranquilo. É obvio também que alguns governos conseguem escolher entre os de sua confiança o que são realmente capacitados para os cargos, outros, infelizmente não.

Mas, não deixa de ser interessante assistir a tantos chefes que chegam poderosamente saírem depois para o anonimato, até a próxima cena , quando seus candidatos se reelegerem e eles ressugirem das cinzas, novamente com carrões à sua disposição e empregados submissos para atender as suas ordens.

Resta aos subalternos acatar o velho ditdo “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Não consigo ficar tão acomodada, acho que meu juízo não é lá essas coisas não?


quarta-feira, 14 de julho de 2010

JULGAMENTO E PUNIÇÃO


Sempre tive dificuldades para julgar as pessoas.

Procurando justificativas para os erros que cometem.

Descobri, que é possível sim julgar os atos e não a pessoa.

Todo ser humano merece ser ajudado para se tornar melhor.

A punição por si só não conserta os erros.

É necessário que cada punição, justa, seja acompanhada de condições para refletir as falhas, compreender os caminhos que levaram a isto e redescobrir uma forma nova de viver.

Seria ingênuo crer que todos iriam responder positivamente ao que lhes seriam oferecido.

Todavia o que mais importa é não havermos nigligenciado na obrigação humana de ao invés de simplesmente julgar e condenar, oferecer sempre a oportunidade de se redimir.

Jamais abandonar alguém à sorte, ou ao azar, de vir a ser pior do que já se tornou até ali.


terça-feira, 13 de julho de 2010

A FAMÍLIA - DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO.


Assim como qualquer grupo social, a família se modifica constantemente, adaptando-se e ao mesmo tempo influenciando as mudanças de toda a sociedade.


É comum ouvirmos de vez em quando suspiros saudosistas de alguns: - Ah, antigamente não era assim.


Ouvi uma senhora comentar a respeito de um casal bem jovem, - É por isso que os casamentos de hoje não dão certo, casam cedo demais.


Lembrei a ela que antigamente a maioria das mulheres casava bem mais jovem. Tão despreparada emocionalmente, quanto as de hoje. A diferença era que os maridos, geralmente senhores mais maduros, passavam a assumir a tutoria da mulher, e, ainda que fosse outro jovem, também passava a ser o seu senhor, a quem esta devia toda submissão e respeito.Os filhos, eram muitos.- “A vontade de Deus” – como afirmavam. A mulher para dar conta de tantos, dividia o seu papel de mãe com as filhas,ou seja, a medida em que estas cresciam iam criando e educando os irmãos menores.


Ao passo em que foi se emancipando socialmente e conquistando os seu direitos, a mulher foi impondo também as suas vontades dentro do casamento. Casa-se com quem quizer e não se permite mais ser obrigada a ficar com ninguém apenas por causa dos filhos. Este agora, são poucos.


Muitas vezes a decisão de separar-se, assim como a de casar, dá-se de forma imatura.


O resultado hoje é que é bastante comum encontrarmos avós assumindo a criação dos netos.


Não precisa, necessariamente, ser o caso de filhos separados ou filhas solteiras que engravidam, alguns jovens casais, depois que iniciam a construção da sua própria família descobrem que ainda não estavam estruturados para tal.


Os pais, ressentidos ainda do que enfrentou a sua geração nas conquistas das emancipações familiares, para evitar que seus filhos passem as mesmas dificuldades que tiveram para construir o futuro carregando a responsabilidade de também assumir seus filhos, os libertam desse peso para continuarem seus estudos, para trabalhar e até para “aproveitar a vida”.


Qual será o limite entre colaborar com os filhos e permitir que assumam a responsabilidade das suas escolhas?


Ninguém está livre de se perder nessa decisão.


Costumo dizer que os pais parecem querer provar que o seu amor é maior que o amor de Deus, não permitindo que seus filhos sofram ou passem dificuldades, ainda que isso seja as consequências das suas escolhas imaturas e o caminho para aprender a valorizar os ensinamentos que desprezaram.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"CASO BRUNO" E OUTROS. DE ONDE VEM TANTA CRUELDADE?


Nesta semana dois casos chocantes de assassinatos de mulheres foram amplamente divulgados na mídia, o caso do goleiro Bruno, na mídia nacional e do motoboy que decepou a cabeça da sua ex-mulher diante dos próprios filhos, divulgado na mída local, aqui em Natal, RN.

Entre as tantas semelhanças percebidas nos dois casos, há uma que possívelmente responde parte da pergunta: - Como pode um ser humano fazer algo de tamanha crueldade? Os dois envolvidos nestes assassinatos apresentam, igualmente, um histórico de infância desajustada.

Embora isso não seja justificativa para alguém tornar-se um assassino, uma pessoa violenta ou um tipo qualquer de desequilibrado emocional, é a provável origem de muitos casos dessa natureza que assistimos acontecer. É possível até que em famílias desajustadas filhos consigam crescer sem serem muito afetados, as vezes até na mesma família de irmãos apenas um não consegue lidar com a realidade. Mas cada indíviduo é um mundo, particular e único.

Esta conclusão leva à lona aquela velha teoria: “ - Eu crio todos os meus filhos de forma igual.”. A única coisa que necessita ser igual para todos os filhos é o amor. A forma de disciplinar, a abordagem e o tratamento diante de alguns fatos tem que ser de acordo com a necessidade e a característica de cada criança.

Até onde se sabe as histórias da infância desses dois assassinos também coincidem com a infância da maioria dos assassinos e psicopatas. Histórias marcadas por ausências de pai, de mãe e por violências domésticas.

O agravamento que determinadas atitudes imprimem no ser humano depende tanto do nível da violência aplicada quanto da sensibilidade de cada um.

Desta forma, concluimos que todo cuidado é pouco para avaliarmos as maneiras como estamos criando os nossos filhos. Para alguns, nem é necessário ter havido violência física para machucá-los e torná-los desequilibrados, bastam palavras, indifereça ou, e, principalmente, o exemplo que damos com a nossa vida.

Cada filho de álcoolatra, de mãe desequilibrada, de família desajustada, de pai ausente; cada criança abandonada, discípulos de pessoas violentas e sem valores morais, são seres humanos desajustados em potencial. Mesmo que alguns consigam alcançar um aparente ajustamento social, se não forem totalmente fechadas as feridas da infância, em algum momento elas ressurgem e destroem toda a possibilidade de viver como um ser humano.

(Ivana Lucena)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A LUTA DE CADA UM


Além da nossa luta individual tem aquelas que assumimos com a nossa família elas nos ocupam por toda a vida, parece ser a razão unica da nossa existência. Para alguns, porém, as lutas se ampliam, lutam por um “ideal”. Essa decisão as vezes pode estar dentro da escolha da profissão. Ser professor é uma delas. Quando se dicide por tal profissão é imprescindível a consciência de que iremos nos dedicar para garantir o crescimento do “outro”. E, se esse outro conseguir um dia nos superar será maior ainda a nossa glória e convicção de ter realizado um bom trabalho. Não que um professor deva se acomodar e não almejar ir sempre mais adiante, pelo contrário, aprendemos desde cedo que a melhor lição nossa é o exemplo. Todavia, o que caracteriza a nossa profissão de educador é a dedicação pelo semelhante, é a busca de aperfeiçoar a nossa capacidade de ajudar cada vez mais e com mais competência ás crianças, jovens e outros adultos também para que descubram o caminho infinito do conhecimento. Reconhecer isso e respeitar a grandiosidade dessa profissão deveria ser um dever de todos aqueles que graças aos seus professores conseguiram alcançar cargos de poder. Também deve ser o dever de cada professor se reconhecer assim, se valorizar e, acima de tudo, valorizar aqueles por quem decidiu que seria a sua luta, o seu “ideal”.

sábado, 3 de julho de 2010

O MEDO DE ENFRENTAR



Muitos são os que preferem ficar quietos, mudos, para não por em risco o que consquistaram.

Quando vamos a uma igreja, um templo, e glorificamos a Jesus, parece-nos ali, naquela paz que o lugar oferece, que tudo foi mais fácil para ele.

Examinemos pois a história, testemunhada em livros que hoje compõem a Bíblia, neles vemos um jovem humilhado e ridicularizado por muitos, pelos maiores da sociedade, e, depois, perseguido até a morte, por causa das suas palavras, da sua decisão de ir até o fim declarando a verdade, assumindo todos os riscos.

Lembremos também dos homens, heróis dos nossos livros de História, que deram as suas vidas em lutas para que hoje fosse-mos livres. Isso é para nós uma mera contemplação. Não nos serve de exemplo. Acomodados hoje estamos, graças as suas conquistas, e nada mais importa.

Quando chegar o fim das nossas forças, da nossa saúde e vigor, será que a avaliação da nossa vida é a de que fizemos tudo o que era necessário e verdadeiro? Somos esse o exemplo para os nosssos filhos e aqueles que nos cercam?

Talvez consigamos enganar a nós mesmos dizendo ter feito apenas o que foi possível.

Para Jesus não havia só a possibilidade de enfrentar a sua luta, mas, também havia a de desistir se quisesse.

Os que nada entendem iludem-se com a verdade construída por seu próprio juízo ou questina em vão, examinando o vazio que sem compreender traz dentro de si: “...Até quando terás a nossa alma suspensa?...” (Jo 10,24)


sexta-feira, 2 de julho de 2010

FIM DA COPA PARA O BRASIL

Fim do jogo.
Fim da copa para o Brasil.
Fim do sonho de ser hexacampeão.
Mesmo quem não gosta "nunca" de futebol, quando chega a copa, de uma forma ou de outra, acaba se contagiando.
Os mais contrários alertam filosoficamente: "- Futebol é o ópio do povo."
Talvez seja realmente bom fugir da nossa realidade de vez em quando. Isso não quer dizer que , entre um jogo e outro, ou no final da copa, não tomemos de volta os nossos velhos problemas, responsabilidades e tudo o mais.
O fato é, que durante todo esse período de copa, casas, carros, bares, restaurantes, lojas e até repartições transformaram-se em sede da torcida verde-amarela.
Mas, ninguém se preparou pra perder, se é que alguém se prepara para isso.
Por mais que a derrota fosse uma possibilidade, como é em qualquer jogo, não seria para a seleção do Brasil, "o país do futebol".
Quando acontece, a gente fica com aquela sensação, perdoe-me a comparação, que sentimos com a morte de Airton Sena, sem querer acreditar no nosso luto. ´
Ninguém é capaz de nos consolar com a previsão que outras copas virão e, diferentemente da perda do nosso Airton Sena, essa perda de agora será totalmente esquecida quando a bola voltar aos pés dos nossos jogadores em 2014, em solo brasileiro, quando , mais do que nunca, acreditaremos novamente que somos invencíveis.


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