domingo, 20 de maio de 2012

AGNÓSTICO – NEM ATEU, NEM CRENTE – NO CENTRO DA FESTA


A festa teve início e, como o ambiente estivesse lotado de pessoas, o dono da casa desconfiou de um numero grande de penetras. Pensou então em uma estratégia para identifica-los.

Subindo em uma cadeira, pediu a atenção  dos convidados e sugeriu que naquele instante “os convidados da noivas” se deslocassem para o lado direito do salão. Algumas pessoas obedeceram e, em seguida, pediu que “os convidados do noivo” fossem para o lado esquerdo. Da mesma forma, uns presentes trataram de obedecer a sugestão do dono da casa.

Nesse momento ele observou que um pequeno grupo permanecia no centro do salão, aparentando indecisão para qual direção tomar.

Ainda, do alto da cadeira, observando a cena, bradou para os presentes: - Com exceção desse grupo que permaneceu no meio, os demais podem se retirar da minha casa pois isso aqui é um batizado e não uma festa de casamento.

Lembrei-me dessa piada quando estava refletindo sobre a minha posição diante dessa discussão a respeito de crer ou não crer na existência de Deus.

“Agnóstica”, descobri que sou. Baseado na definição de que são considerados “diagnósticos” aqueles que não pregam a existência de Deus e também não se julgam capazes de obter argumentos suficientes para acreditar e declarar veementemente a não existência deste.

Ou, seja, sinto-me ali, no meio, como se estivesse vindo a um batizado e agora me encontrasse em volta de um grupo que se divide radicalmente para afirmar posições das quais, a meu ver, se não precipitadas, muitas vezes ingênuas e às vezes ignorantes.

Certamente, propor que me identifiquem como o grupo correto nessa historia, seria definitivamente bastante soberba. Posto que aqui, não disponho do aval do “dono da casa” para validar a minha posição.

Antes, sinto-me, na verdade, como alguém que assume a sua ignorância e se vê agora em um conflito pessoal para assimilar que, concluindo sobre a não existência de Deus, qual seria o sentido de estar viva.

Nesse conflito, estão postas as convicções que sempre construí, prefiro buscar respostas, admitir os equívocos e os limites do meu conhecimento do que assumir o radicalismo de uma posição, fechada para novas possibilidades.

Embora eu racionalize a impossibilidade da existência de um ser único e poderoso, “onipotente e onipresente”, sem inicio e sem fim, também, questiono se é possível não haver verdadeiramente, nenhuma ligação entre os seres humanos que se estenda para além da matéria.

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