domingo, 17 de junho de 2012

A MOBILIZAÇÃO E A PRISÃO DOS ESTUDANTES DA UNIFESP – QUE LIÇÃO NOS DÁ?


Assistindo na TV, esse sábado, 16 de junho, a matéria sobre a libertação dos estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) detidos na quinta-feira (14), após protesto no campus de Guarulhos, fiquei, como muitas pessoas, acredito eu, questionando– Como as coisas chegaram a esse ponto?

Nos depoimentos dos funcionários da Universidade consta que chamaram a polícia por sentirem-se ameaçados quando os alunos começaram a quebrar vidros; derrubar coisas e pichar as paredes.

Pergunto-me então, - Antes disso, qual era a repercussão do movimento desses estudantes?

Vejam bem, não estou aqui defendendo atos de violência ou depredação do espaço público. O que estou na verdade é propondo uma análise sobre os “culpados” de tal acontecimento.

O jornal oline g1.globo.com, na quinta feira, dia 15, publica o seguinte texto referindo-se às “Reivindicações” do grupo: ““Os estudantes estão em greve há cerca de 80 dias para reivindicar uma melhor infraestrutura para o campus. Eles pedem a construção de novas salas de aula, a reforma do restaurante universitário e o encerramento de um processo criminal contra cerca de 40 alunos que começou em 2008 devido a um protesto contra a direção da Unifesp em um dos campi da universidade.”. Acredito que isso nos dá uma pista para avaliar a atenção que estava sendo dada às vozes desses estudantes.

Possivelmente, eles ficariam ali a vida inteira tentando uma negociação que jamais seria atendida. Por que? E, onde estavam os professores que não apareceram ao lado dos alunos? Afinal, a reivindicação não era em prol da melhoria da Universidade? Talvez se eles tivessem acrescento aumento de salários dos professores...

Desculpem o sarcasmo, não é que eu considere injusta a luta dos professores por aumento de salário, longe de mim isso, afinal só um deles e sinto-me bastante desestimulada em minha profissão, cujo desgaste emocional, maior que físico, dificilmente poderia ser recompensado por dinheiro algum. É notório o desrespeito dos governos e de toda a sociedade civil pelo professor no Brasil, isso é causa de tristeza e motivação de luta para reverter tal realidade.

Todavia, o que não consigo conceber é a fracionalização das lutas. Porque nas lutas dos professores os alunos ao invés de se somarem a elas são, ao contrário, subtraídos? Inclusive, diretamente, os mais prejudicados com a ferramenta de luta utilizada pelos professores: A GREVE.

Ainda, no jornal citado, na data da libertação dos jovens, registra-se o argumento do advogado Sérgio Augusto Pinto de Oliveira. Segundo ele, a justificativa apresentada foi que os alunos “Não cometeram nenhum ilícito penal, que têm residência fixa, que não podem ser molestados quanto ao direito de ir e vir por conta de um legítimo direito de manifestação, que está previsto na Constituição Federal”.

Temos que compreender que a escola, seja em que nível for de ensino, pertence ao público atendido por ela. Esse publico deve sempre ser ouvido com relação a qualidade do trabalho que lhes está sendo prestado. Isso é um direito que vem sendo ignorado por todos nós.

O estudante precisa ser um aliado do professor na luta pelos seus direitos e vice e versa. Essa deveria ser a primeira conquista reivindicada por todos os que fazem parte da educação nesse país: A UNIÃO DE TODOS PELA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO.

(Fonte da imagem utilizada:

9 comentários:

Chimarrão disse...

Olhe Ivana, já estava c mta saudade de vc e confesso...pensei em te escrever ontem + viajei e n deu....abraços querida amiga!!

A respeito do tema que abordaste, já me manifestei e repudio qualquer manifestação violenta. No entanto o que precisamos saber é o que desencadeou toda essa reação estudantil. Eles não podem ser rotulados como baderneiros, pura e simplesmente. Nossas autoridades tanto da área quando do governo que é responsável pela educação no país, devembuscar a raíz do problema. Mas será que isso é prioridade para eles. Lembro do meu tempo de escola, onde os alunos desfrutavam, bem ou mal, daquilo que era disponibilizado à época e não via tanta reação como as que ocorrem nos educandários hoje. Não lembro de alunos tão rebeldes...alunos que agrediam seus mestres....que evadiam-se da escola ....e hoje vc tem que usar até organismos de proteção à criança para fazê-las ir à escola. Existe efetivamente uma política pública eficiente que dê perspectiva ao estudante de vislumbrar um futuro através das condições de estudo que lhe são "empurradas goela abaixo?". Sinceramente não vejo a escola como uma instituição que irá formar cidadãos como muitas costumam propagandear. Poderia citar mais considerações...mas fico com as duas colocações finais de sua crônica a respeito....

Temos que compreender que a escola, seja em que nível for de ensino, pertence ao público atendido por ela. Esse publico deve sempre ser ouvido com relação a qualidade do trabalho que lhes está sendo prestado. Isso é um direito que vem sendo ignorado por todos nós.

O estudante precisa ser um aliado do professor na luta pelos seus direitos e vice e versa. Essa deveria ser a primeira conquista reivindicada por todos os que fazem parte da educação nesse país: A UNIÃO DE TODOS PELA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO.

Ivana Lucena disse...

Meu querido Chimarrão, compreendo perfeitamente a sua inquietação e comungo com a reflexão que apresenta a respeito da passividade dos alunos no nosso tempo e dos comportamentos agressivos que eles apresentam no dia de hoje. Penso que falta-nos encontrar aí o lugar do equilíbrio. Em nome de defender os seus direitos individuais não é justificativa para desrespeitar o outro. Ainda mais se o outro é uma pessoa mais velha ou um educador. Um abraço, meu amigo e obrigada pelo carinho e por participar da discussão no Blog.

Juliano Carvalho Bueno disse...

Oi Ivana!!! Olha,acompanhei de longe esse triste acontecimento. Infelizmente os professores são corporativistas. Os alunos deveriam sim ter recebido o apoio dos docentes pois esses também seriam beneficiados pela melhoria da instituição. Se o governo é a sociedade em geral não estão nem aí com os professores, os professores deveriam apoiar os estudantes independente de qualquer coisa. Por isso os movimentos sociais no Brasil não estão dando certo. Tudo é muito fragmentado,o meu problema é mais importante que o seu e a vida segue...de forma errada. Abraços!!!

Thelma Farias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thelma Farias disse...

Oi Ivana! tenho a impressão de que estamos voltando ao passado, atualmente os atos de protestos e mobilizações estão sendo reprimidos.Fazer greve quase sempre é ilegal, maninfestação de estudantes acaba em prisão. E o que é pior: cada qual "olha apenas para o próprio umbigo", vivemos em uma sociedade egoísta. Isso é muito preocupante (principalmente quando o assunto é eleição) e triste.Um grande abraço amiga!

Ivana Lucena disse...

Juliano tem toda razão. Sabe? Eu tenho uma filha que estuda na UFRN, no curso de História e, quase sempre, ouço-a reclamar das metodologias dos professores; das constantes faltas de alguns, sem avisar com antecedência; das constantes greves; empresados e feriados... Não há o menor respeito pelo aluno. E, nesse caso, "a recíproca acaba sendo verdadeira". Lamento demais esse quadro que está se formando na Universade Pública, apontando para um destino semelhante ao das antigas e bem conceituadas "escolas públicas" do nosso país. Hoje desacreditadas.

Ivana Lucena disse...

Ah, que legal a participação da minha amiga Thelma, aqui! Sabe o que eu acho? Que vivemos uma "Democracia Incompleta": Temos o direito de eleger os políticos mas não temos força para tirá-los do poder quando não atende as nossas expectativas. Também não temos o direito de falar tudo o que pensamos. Isso a gente sabe que é verdade, não é? bjs

FJavier disse...

Los estudiantes constituyen un capital humano especialmente cualificado para el cambio y enormemente sensible a la arbitrariedad por lo que no debería de ser sometido a las rígidas estructuras burocráticas por la única razón de la fuerza. Además, representan una inversión para todo el tejido social y la forma en la que se resuelvan sus conflictos tendrá sin duda consecuencias futuras.

Comparto tu sensibilidad con el problema, Ivana. Y deseo que todo se solucione pronto.

Un cordial saludo.

Ivana Lucena disse...

Agradeço ao querido Javier pela contribuição neste debate. Está certo a respeito da importância do jovem para a nossa sociedade. Podemos dizer que graças a jovens inquietos e ousados para enfrentar as estruturas sociais pré-estabelecida, conquistamos tantos direitos como cidadãos. um abraço.

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