sábado, 31 de março de 2012

ASSEMBLEIA PRA QUE TE QUERO?


“Foram os gregos que descobriram não apenas a democracia, mas também a política – a arte de decidir através da discussão pública – e, então, de obedecer às decisões como condição necessária da existência social civilizada.” disse o historiador Moses I. Finley.

“...obedecer ás decisões como condição necessária da existência social civilizada.” , destaco.

Não seria exatamente esse o principio vital ora ignorado pelos professores quando ao sair de uma Assembleia que delibera determinado encaminhamento ou posição,  dirigem-se para as suas escolas para decisões particulares, ignorando totalmente a supremacia deste órgão constituído pela sua classe?

Foto de  Janeayre Souto - SINTE/RN
Nesse caso, o que representa realmente a assembleia para nós professores? Qual o sentido de consulta-la ou de submeter ao voto as decisões da nossa categoria?

Parece-me que muitos professores participam da reunião apenas para constatar se as suas ideias particulares serão acatadas. Caso a Assembleia não referende os seus pensamentos, as decisões tomadas na mesma são totalmente ignoradas.

Sabemos que em se tratando de Sindicato, a Assembleia não tem um poder normativo, ou seja, não pode alterar ou criar uma lei. Todavia,  o seu caráter de representação da vontade soberana de uma classe imprime uma força de persuasão capaz de forçar alterações nas decisões tomadas pelos governos e nas próprias leis constituídas.

Assembleia Geral, segundo significado dado pela wikipedia, é o “órgão supremo que decide sobre as políticas a seguir”.
E aí...? Assembleia para que? O que acontece quando abrirmos mão totalmente desse recurso democrático?

Nesses passos, desrespeitando as deliberações da Assembleia, estamos caminhando conforme o ditado: “cada um por si e Deus por todos” e o enfraquecimento total da nossa classe é um resultado é iminente.

terça-feira, 27 de março de 2012

DITADURA TRAVESTIDA



Dos apelidos recebidos pela minha atuação em protesto contra os atos, puramente caracterizados como manobras eleitoreiras, de exoneração dos gestores de CMEIS, o de “MOBILIZADORA DA COMUNIDADE”, atribuído pelo secretario de educação, foi o que mais me deixou lisonjeada.

Esse apelido expôs uma avaliação sobre o trabalho que desempenhei como gestora da instituição. Traduz o meu esforço em exercer uma gestão democrática. Sempre acreditei ser o meu papel, o de incentivar, mobilizar e liderar a comunidade escolar para que ela se tornasse atuante nas decisões praticadas na instituição a fim de garantir uma boa qualidade da educação oferecida às crianças.

Outro, que soube haver recebido de uma pessoa que estava presente durante o protesto, foi o apelido de “BARRAQUEIRA”. Seria cômico receber um apelido desses se não fosse triste por que tal acusação representa também uma avaliação concreta de como nós os brasileiros, acomodados e passivos, classificamos aqueles que reivindicam os seus direitos.

O termo “barraqueira” é um adjetivo popularmente criado para se referir àquelas pessoas que “chutam o pau da barraca”, ou seja,  põe abaixo o que julga está organizado, construído ou “armado” de forma incorreta.

Tal adjetivo, no entanto, tem um sentido pejorativo, pois se refere principalmente às pessoas que, ignorando os meios corretos para protestar ou protestando sob um julgamento errôneo, acabam por tornarem-se apenas inconvenientes.

Infelizmente nós brasileiros já não estamos mais conseguindo distinguir “BARRAQUEIROS” de “MOBILIZADORES” e isso também é utilizado como recurso para manobrar a opinião publica e inibir pessoas.

Acontece que mesmo estando em um regime democrático onde teoricamente temos o direito de livre expressão, na prática se instala sorrateiramente uma ditadura travestida de “modos de bom comportamento” onde quem não reage às injustiças é tratado como pessoas educadas e merecedoras dos favores dados em troca por sua postura.

sábado, 24 de março de 2012

OS MUNDOS



Tem vezes que olho o mundo feito por Deus e admiro.
Vejo as águas dos rios, dos mares e lagoas;
Vejo as árvores, folhas, flores e frutos.
Plantinhas rasteiras e outras que sobem em outras;
Vejo os animais,
Cores, sons, cheiros e sabores.
Eu sinto prazer e paz no que vejo

Tem vezes que olho o mundo feito pelo homem e me envergonho.
Vejo o orgulho, a ganância, o egoísmo;
Vejo as guerras por terras e riquezas;
O abandono e a violência contra inocentes;
Vejo os bichos.
Sangue, fome, dor e sombras;
Eu sinto medo e tristeza no que vejo.
(@prof_lucena)

sábado, 17 de março de 2012

DICAS PARA NUNCA SE METER EM POLÍTICA


1º - DEIXE BEM CLARO A TODA HORA O QUANTO VOCÊ ODEIA POLITICA. Essa atitude lhe mantém, pelo menos na sua consciência, isento de qualquer obrigação em analisar os problemas da realidade;
2º - NÃO VOTE EM NINGUÉM, VOTE BRANCO OU NULO. Dessa forma você fica em uma situação bem cômoda caso os governantes ou representantes públicos escolhidos cometam atrocidades contra todos, inclusive contra você e a sua família.
3º - ADMITA SEMPRE PARA VOCÊ E PARA TODO MUNDO: “POLITICO É TUDO IGUAL”. - Isso já lhe evita de ter que pesquisar sobre esse ou sobre aquele para saber quem é melhor. Se algum incompetente ganhar, foi a vontade de Deus.
4º - NADA DE AJUDAR NA CAMPANHA DE ALGUM CANDITATO. A não ser que ele lhe dê algo particularmente em troca. Se depois ele se mostrar um corrupto, sem ética e sem escrúpulos, você apenas vai ficar sem escolas de qualidade; sem segurança e sem ter aonde recorrer em caso de problemas de saúde.
5º - CASO VOTE EM ALGUÉM, NEM PRECISA GUARDAR NA MEMÓRIA QUEM FOI. Desse jeito você não se lembra a  quem cobrar as promessas de campanha quando os candidatos assumirem os postos e não terá que se incomodar com protestos e com denuncias, se for o caso.
6º - CONVENÇA-SE E TENTE CONVENCER SEMPRE OS OUTROS DE QUE NINGUÉM PODE FAZER NADA, QUE “MANDA QUEM PODE E OBEDECE QUEM TEM JUÍZO” Depois, basta abaixar a cabeça, dizer amém pra tudo, para não se prejudicar no trabalho ou socialmente. Afinal, “bestas” foram os que perderam a vida para que a gente tivesse hoje o direito de votar.                   (@prof_lucena)

quinta-feira, 8 de março de 2012

DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES - UMA MASSAGEM NO EGO


Dizem que “cantada de pedreiro” é uma boa terapia para massagear o ego feminino.

Confesso que já passei por diversas vezes próximo a algumas construções, mas, infelizmente, nunca levei nenhuma cantada por lá.

Queria saber então, se “cantada de entregador de panfletos” também pode preencher o currículo (?).

Vou narrar o ocorrido para facilitar a avaliação:

Sabe como é aquela situação quando acende o sinal vermelho e formam-se os corredores entre as filas de carros, cheios de rapazes e moças entregando diversos panfletos, né?

Pois, bem. Estava eu distraída, recebendo automaticamente os panfletos pela janela, sem ao menos reparar direito em quem o distribuía quando fui despertada com um sonoro – Ôoooo Coroa! – Pelo tom percebia-se, assim... um tipo de elogio (cantada, mesmo).

Tentei visualizar o rosto do rapaz mas ele seguiu entregando os panfletos nos carros posicionados atrás de mim, sem se virar. Pelo retrovisor, só pude ver as suas costas.

Fiquei recapitulando na mente o episódio e já me achava com o ego elevadíssimo com o que considerei “quase uma cantada de pedreiro”. De repente me veio a curiosidade de compreender o motivo para tal investida. Passei uma pequena vistoria sobre o meu colo para ver se de alguma forma o decote do vestido estava mostrando mais do que deveria
.
No instante em que me encontrava nessa investigação, de cabeça abaixada, senti a presença de alguém do lado da janela, olhando para mim.

Dei de cara com o rapaz, “o entregador de panfletos”, fitando na direção do meu alvo de investigação, balançando a cabeça e lançando um sorriso malicioso confirmando a minha suspeita.

O sinal abriu e eu sai de lá morrendo de rir, sozinha. Só conseguia pensar numa frase que um amigo meu costuma repetir em situações assim vexatórias: “- Matou de vergonha!”

Quando cheguei no meu destino, encontrei com algumas amigas aguardavam em uma  animada conversa e uma delas referindo-se a nossa condição de exoneradas do cargo de gestora, virando-se  em minha direção perguntou brincando: - E você, Ivana, é o que, agora? As meninas estão dizendo aqui que não são mais nada.


 – Eu não contei conversa, respondi em “cima da bucha’ (como se diz): - Eu sou é sexy, minha filha!



Afinal, o que acha? A “cantada de entregador de panfletos” também tem seus méritos, concorda? rsrsrs

terça-feira, 6 de março de 2012

O SOL, SENHOR DO TEMPO


           
           Quando eu era criança, pouco sabia sobre o tempo e também, com deve ser, pouco me interessava sabê-lo.

            Para mim, era bastante viver.

            Se o tempo passava, era somente para me trazer outro tempo para que eu pudesse novamente brincar até o sol se esconder.

            O sol, esse sim, era o senhor do tempo. Ele é quem determinava as brincadeiras do dia e a hora delas sessarem.

            De manhãzinha, o sol ameno, subir nas arvores para chupar mangas; correr pelo campo e se deitar no capim, fingindo de morta para enganar urubus eram as minhas brincadeiras favoritas.

            Se o sol cismasse em não sair e se mandasse a chuva em seu lugar, aí a brincadeira era de tomar banho na biqueira da casa e de soltar barquinhos de papel com bonequinhos dentro para descer nas enxurradas.

            Quando o seu esquentava e ficava bem no meio das nossas cabeças, a brincadeira era de tomar banho no rio e de passear entre as bananeiras, afundando os pés nas lamas para fazer lindas botas até os joelhos.

            De tarde, o sol “mais frio”, me autorizava a balançar no balancinho de corda, pendurado pelo meu avô na varanda da casa e, também, a brincar de bonecas ou ver aquelas revistas “Manchetes” antigas, do meu avô.

            Na sua despedida, o sol sempre mandava as cigarras avisar que a escuridão se aproximava. Aí, esfriando o tempo, esfriava a minha vontade de brincar e meu corpo se preparava para enfrentar as manchas escuras da ausência do sol e esperar ele retornar, amanhã, trazendo com ele um novo tempo para brincar.

            Durante todo esse tempo, a minha irmã brincava ao meu lado, crescemos assim, o tempo passou, marcou nossos rostos e as nossas almas. Hoje, ainda juntas, dividimos a recordação desse tempo bom.
             

domingo, 4 de março de 2012

O DEUS QUE HÁ EM CADA UM DE NÓS


Eu posso ser confusa com relação a existência da divindade única e suprema, mas, uma crença, a meu ver, pode ser comprovada materialmente: A divindade que há em cada pessoa. A esta, eu chamo de “energia”.
A energia que cada ser humano emite, consciente ou inconscientemente pode facilmente ser sentida e, muitas vezes absorvida pelo outro. Infelizmente, nem sempre a energia vem positiva. Para isso devemos sempre está preparado. O que não é uma tarefa fácil, principalmente, para quem se desprotege e espera sempre receber o melhor das pessoas.
Vou exemplificar o que digo com um episódio que aconteceu comigo no amanhecer deste domingo.
Acordei com a disposição de cuidar da frente da casa e do terreno que dá de frente para ela. Tarefa que para mim é sempre uma boa terapia pois me mantém em contado direto com a natureza.
Ao abrir o portão percebi a presença da vizinha visitando a casa que acabou de adquirir e planeja aluga-la. Com bastante gentileza e simpatia cumprimentei-a com – Bom dia, querida! – nem compreendi direito como me devolveu o cumprimento só entendi quando ela emendou-o com – Você viu o buraco que a sua cachorra fez aqui na frente da minha casa? – O meu sorriso se desmanchou e daquele momento em diante o que senti foi toda a energia boa com a qual eu havia me acordado ser atingida por uma totalmente negativa.
Nem bem eu conseguia me desfazer dessa para tentar impor o meu bom humor, ela despejou mais duas informações: - Ah, agora eu já sei de onde é esse gato que sempre dorme na minha varanda. É da sua casa, não é?- e, como se também fizesse parte do assunto, continuou – Menina, o acabamento desse pedreiro é horrível. Muito mal feito.
Confesso, ainda não adquiri o equilíbrio necessário para não permitir-me ser atingida por descargas assim. Tentei fingi-lo, mas ela percebeu nas minhas respostas o mal estar que provocara em mim.
O que fazer para que pessoas assim não consigam alterar a trajetória do nosso dia; dos nossos planos; da nossa vida?
Desde o episódio infeliz que me aconteceu no enfrentamento ao secretario municipal de educação, a minha reflexão a respeito disso aumentou.
Passadas as situações, eu me ponho a imaginar o que deve levar as pessoas a tornarem-se assim. Uma amiga respondeu-me que se trata da “valorização do ter, acima da valorização do ser”.  Desenvolvi uma forte tendência para crer nessa explicação e isso tem sido motivo para me comover de tristeza, embora se trate na verdade de um simples amadurecimento a respeito do conhecimento humano.
Comecei a acreditar também que pessoas assim como essa vizinha, o secretario da educação e tantas outras que não poupam as outras pessoas das suas energias negativas, não tem solução. Quer dizer, pode até haver uma solução, mas independe de nós, deve antes partir de um despertar delas próprias para promover em si uma mudança interior.
A boa notícia é que cada vez mais acredito na força da educação. Não a educação simplificada na orientação para ter bons modos e para aprender os conteúdos das disciplinas. Mas aquela educação plantada no ensino infantil, que se inicia com a aprendizagem da convivência; da importância do carinho; do respeito ao outro, aos animais, às plantas, ao meio ambiente e, acima de tudo, o respeito a si próprio, tornando-se um cidadão de bem e um ser humano sensível. Essa educação, que não pode existir sem a parceria entre a escola e a família e sem a sensibilidade dos governantes para fornecer condições para a sua realização.
Quanto a nós,  quando enfrentamos adultos já estragados, devemos estar atentos para não permitir jamais que consigam nos transformar, minimamente que seja, naquilo que transformaram-se. A nossa postura deve ser o exemplo e não a deles.
Para mim, não há reflexão maior do que a oração atribuída a São Francisco de Assis. É nela que busco o meu alimento espiritual.
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