Ninguém, necessariamente precisa crer na existência desse Deus concebido pelos cristãos para tornar-se uma pessoa boa. Isso é fato. Embora seja preciso alertar que para muitos, cujo nível de ética não alcança ainda o ideal para garantir um convívio humano honesto, justo e solidário entre os seus, a religião é a única porta de entrada para sensibilizar a sua alma. E, nesses casos, tirando-se isso dessas criaturas, sem nada mais sólido para repor e garantir a mesma eficácia comete-se um crime tão cruel quanto o de deixar órfão e desamparado uma criança que acaba de vir ao mundo.
Que valia tem para mim, questionar a ignorância dos que acreditam em Deus, simplesmente pelo fato de não haver tecnicamente provas da sua existência, quando eu próprio prego com fervor a minha crença de que não existe Deus algum, sem, da mesma forma, ser capaz de apresentar respostas para muitos questionamentos pressentidos nas experiências humanas?
As questões existenciais que afligem a nós, os seres racionais, nos acompanha desde que teve inicio a nossa evolução para nos tornarmos humano. Fazemos da nossa pequena existência particular, de pessoa comum, e a daqueles que convivem conosco, algo tão importante que é difícil crer na ausência total de uma razão especial para esta vida que não seja simplesmente a de nascer fadado a morrer com se nunca tivesse existido.
Pensar que tudo foi criado sem nenhuma motivação é tão difícil de acreditar quanto ao contrário, se passarmos, por exemplo, a avaliar na inteligência que há na programação da própria evolução da espécie humana. Quando começamos também a observar na perfeição matemática dos ciclos da natureza; na tecnologia avançada do cérebro humano e de todo o funcionamento da máquina que há por baixo desse revestimento de carne, percebemos ser tudo tão incrível que fica difícil despirmo-nos de toda a sensibilidade e da própria razão para afirmar categoricamente tratar-se apenas de uma evolução sem propósito nenhum.
Longe de mim ser uma religiosa. Não sou esta. Não defendo a adoração e a veneração de um Deus. Até porque, aos que defendem a existência de um Deus pai perfeito, cabe indagar que perfeição é essa quando este “ser” que pregamos prefere ser exaltado orgulhosamente acima de seus próprios filhos? Sabemos que até nós humanos, imperfeitos que somos, quando verdadeiros e amantíssimos pais, com certeza não nos sentimos confortável diante daqueles que ignoram o valor dos nossos filhos atribuindo somente a nós, os pais, a honra e o mérito por todas as coisas.
Na minha total ignorância, eu creio. Creio em um Deus todo poderoso que não está no céu, mas que existe em cada ser humano numa ligação profunda que foge ao meu alcance a compreensão de tal. Todavia, acho impossível conceber que somos frutos do acaso e que todo o esforço que cometemos para evoluir quando passamos por essa existência é com um propósito unicamente de vaidade ou de bem estar próprio, passageiro e efêmero.
Coloco na mesma balança de intolerância os crentes e os ateus.Prefiro a ignorância dos que não se conformam com dogmas e, embora admitindo o limite da sua compressão, buscam constantemente respostas, à ignorância dos “sábios” alienados proclamadores de crenças que se empenha em derrubar todas as outras se elevando como a única e verdadeira. Seja esta crença na defesa ou na negação da existência de Deus.