sábado, 30 de julho de 2011

CONFISSÕES NO DIVÃ


Imagem encontrada no http://imagensnodiva.blogspot.com
Noite de sábado, já passam das vinte e três horas, só agora me dei conta de que já é tão tarde, esse trabalho da especialização está me consumindo. Agora a pouco liguei para uma amiga e quando ela atendeu com um tom de voz alto como se não conseguisse me ouvir direito, percebi ao fundo um som de pessoas conversando e de música. Nem precisava ele me confirmar que estava em uma festa. – Liguei só para avisar que conclui o nosso trabalho e estou enviando por e-mail para o professor – gritei, e ouvi de volta o que me pareceu ser um agradecimento e uma dispensa para não atrapalhar a sua festa.

Antes que seja feito qualquer julgamento errado da minha amiga, devo dizer que se trata de uma pessoa muito responsável, e querida, e que ela não está cometendo nenhuma injustiça em me deixar fazer sozinha o nosso trabalho, foi um combinado entre a gente, eu faço esse e ela fará o outro. Talvez isso não seja realmente o ideal de “trabalhar em grupo”, mas foi a saída que encontramos para por em dia as nossas atividades, diante da loucura que está sendo conciliar trabalho, casa, família e especialização.

O que eu quero dizer é que me deu uma inveja danada dela Eu gostaria mesmo de nesse momento estar em uma festa, enchendo a cara e me divertindo. Ela me pareceu mesmo está curtindo, disse algo assim como – Ah, amanhã a gente se fala, agora eu já tô pra lá de Bagdá!

De repente comecei a me imaginar na tal festa – um aniversário de uma vizinha – ela disse – Com certeza eu iria começar com uma grande promessa para mim mesma de que seria maravilhosa, mas lá para as tantas (eu me conheço), eu já estaria duvidando se foi uma boa ideia ter ido.

Primeiro que todas as músicas iriam me lembrar daquele alguém que (você sabe), não vale a pena. Possivelmente eu iria fazer um esforço para evitar isso, então me encheria de esperança de que alguém maravilhoso iria se interessar por mim. O que provavelmente não aconteceria e aumentaria a minha frustração.

Teoricamente eu saberia bem me orientar (sou uma especialista em teorias) - que aproveitasse a noite, as amizades, que aproveitasse a minha própria companhia... – Diria ainda - que eu preciso me valorizar e me sentir completa – Ninguém se completa com alguém. Isso não existe! – gritaria para me fazer ouvir.

Na prática seria assim: Aparentemente eu estava seguindo as boas regras, mas, por dentro estaria esfolada, machucada.

Fico matutando por que eu sou assim. Só penso em uma explicação: - Complexo causado pela ausência do meu pai. Eu sempre acreditei nisso. Não sei realmente se tem algum fundamento, mas lembro-me que desde bem jovem o meu maior desejo era conseguir amar e ser amada por um homem. O meu olhar sempre era atraído para os casais de namorados apaixonados. Vê-los conversando olhando dentro do olho do outro era a maior inspiração para o meu desejo: vivenciar momentos assim com alguém.

Devo dizer que namorados não me faltaram, mas amor mesmo, do jeito que eu imaginava só me aconteceu uma vez, tardiamente (e com a pessoa errada). Tento me conformar dizendo que - pelo menos eu consegui um dia o que eu tanto desejava, há tantas pessoas que vivem a vida inteira sem saber o que é o amor de verdade.

Esse consolo não tem muita validade nenhuma. Nem sei o que é pior se é nunca sentir o sabor ou se é adoçar a boca e não conseguir sorver o mel.

Desistir desse sonho, ou obsessão tem sido um esforço sem sucesso. Às vezes me surpreendo examinando os homens na rua acreditando ser cada um deles um amor em potencial.

 Penso que posso me classificar na categoria de mulher mal resolvida emocionalmente, embora isso só seja referência para relacionamento amoroso, com os amigos e com a família eu sou muito bem realizada.

Aonde isso vai chegar isso eu não sei, mas gostaria que tivesse uma solução rápida. Preferia, nesse caso, a certeza do impossível do que viver acreditando numa ilusão.

- O que você acha?

sábado, 23 de julho de 2011

A FRAGILIDADE DA DEMOCRACIA


Eu nasci junto com a chamada “ditadura militar no Brasil”, no ano de 1964. Confesso que até 1985, fim da mesma, eu não tinha um entendimento concreto do que acontecia.

O nascimento da minha consciência política ocorreu junto com a conquista da democracia no nosso país.

São vinte e seis anos apenas de democracia, mas nos acostumamos com ela de tal forma que equivocadamente atribuímos um sentimento de eternidade e uma confiança inabalável de que nada pode atingi-la.

Aliás, nem questionamos sobre essa última hipótese, já que sequer passa pela nossa cabeça uma possível perda da liberdade alcançada com o regime democrático.

Mas a nossa experiência ensina que o perigo reside exatamente no berço da acomodação, quando os sinais de alertas estão desligados por serem considerados desnecessários.

Essa reflexão ressurgiu em mim devido a um fato ocorrido dentro do Sistema Municipal de Educação da minha cidade, Natal, RN, do qual faço parte como gestora de um centro infantil, denominado de CMEI.

Aconteceu que, na forma de uma total surpresa, ficamos sabendo sobre a exoneração de dez gestoras de CMEI’S, de uma só vez, nesse mês de junho. Os motivos para tais exonerações ainda não estão esclarecidos até hoje.

 De pelo menos duas delas, com quem tínhamos mais afinidades, podemos questionar com mais propriedade tal resolução, pois testemunhamos nelas comportamentos que delatam sobre a boa competência enquanto gestora e o bom caráter pessoal de cada uma. Ficamos sabendo que os pais e toda a comunidade escolar das quais as mesmas faziam parte se mobilizaram para solicitar do Secretário de Educação a reparação desse ato e não foram atendidos.

Hoje trabalhamos sobre o plano da insegurança. O direito de ser escolhido pelo voto da comunidade não foi autorizado pela atual gestão municipal aos diretores de CMEI’S. Assim, qualquer palavra dita ou atitude que sejam avaliadas como afrontas aos ideais do governo podem corresponder à perda imediata do mandato.

Parece que ninguém pode interceder por isso. Pelo menos aqui, em Natal, para muitos, a liberdade de expressão está sendo reprimida.

Essa experiência serve para atentarmos sobre a fragilidade do nosso regime democrático.

A democracia foi conquistada, mas se não houver atitude para mantê-la, será tomada novamente de nós.
 
Esta imagem foi retirada de um Blog que vale a pena conhecer                                                                      http://www.guairaemfoco.com/2011/04/editorial-blogs-e-afins-jornal-o-guaira.html 




domingo, 17 de julho de 2011

A CAUSA INDEFINIDA DA MINHA TRISTEZA


Já estamos no mês de julho e eu venho ensaiando há algum tempo como retornar ao Blog. Apresentei a mim mesma uma série de justificativas para a minha ausência.

Nenhuma delas foi aceita.

Pergunto-me então porque não escrevi mais aqui? Será que perdi o gosto pelo meu Blog?

Confesso que o fato de me deparar com poucos comentários, depois de uma grande expectativa pela avaliação do meu trabalho, me desanima um pouco algumas vezes.

Todavia, repenso e concluo que, embora poucos, os seguidores que tenho são pessoas excelentes, a maioria deles escritores de Blogs que eu admiro e que realmente me honram quando comentam os meus textos.

Então, talvez não seja por isso.

Penso que a minha alma não venha se alimentando bem ultimamente e acredito ser essa verdadeiramente a causa da falta de motivação.

Vai ver que é isso!

Mas, de que mesmo se alimenta a minha alma?

Ah, isso eu sei. A minha alma se alimenta da leitura de bons livros que levam a reflexão sobre a existência humana; de filmes que me provoquem boas risadas ou me emocione às lágrimas ( o que não é nada difícil. Rsrsrs); de assistir ou ser protagonista de gestos solidários que justifiquem o lema, “Somos todos irmãos”; e, principalmente, a minha alma se alimenta de amor.

Observo, porém que, com exceção de um bom livro, que na ausência posso bem substituir por um bom texto da internet, o restante, na medida do possível, não tem me faltado.

Sendo assim, o que me provoca este estado de desmotivação?

Concluo ser algo espiritual.

Quando penso em espiritualidade inevitavelmente lembro-me de religião.

Nesses meus quarenta e seis anos de vida eu já percorri várias religiões e em cada uma delas encontro afinidades e antagonismos com as minhas ideias sobre espiritualidade. Assim, bebo um pouco da filosofia de cada uma delas e componho a minha particular que às vezes, confesso, é um pouco confusa.

Mas, prefiro uma dúvida aqui e ali à certeza absoluta das religiões. Procuro viver a minha religiosidade no dia a dia, em meus relacionamentos com as pessoas e nos critérios que estabeleço para buscar compreender os acontecimentos.

E por falar em acontecimentos, ultimamente tenho andado realmente decepcionada com a raça humana. Tenho evitado até de assistir televisão para não ver tanta violência. Pode ser essa a causa indefinida da minha tristeza.

 Por outro lado, acredito que, embora não na mesma quantidade, existem ainda pessoas muito boas no mundo. Deveria haver algum programa de televisão que mostrasse apenas essas coisas. Talvez não creiam que daria o mesmo ibope.

Em todo o caso, seja lá o que está acontecendo comigo, eis-me aqui de volta ao Blog. Espero continuar postando os meus textos, pelo menos nos finais de semana, que é quando tenho mais tempo para fazê-lo.

domingo, 3 de julho de 2011

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS


Estou devendo este texto à minha amiga Remédios do Blog RECRIAT e só agora tive condições de postar.

Eis aqui a minha opinião a respeito de um fato que vem ocorrendo em Fortaleza CE, a violência entre os jovens no interior das escolas.

Confirmando as informações da minha amiga, verifiquei em um jornal da cidade que até o dia 22 de junho foram confirmados 06 casos de violências em escolas de Fortaleza que culminaram em mortes. Em um desses, segundo o jornal, duas adolescentes, irmãs gêmeas, foram esfaqueadas dentro da escola por outra colega de 17 anos, uma não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.

Remédios refletia junto comigo sobre o que pode está acontecendo para causar essas ações que agora estão se tornando frequentes.

A principio, todos sabemos que a escola apenas reflete e confirma o que está acontecendo na sociedade e que os desajustes sociais com os quais convivemos diariamente provam a cada dia que é impossível viver individualmente, cercado de conforto e riquezas sem ser atingido por eles, de alguma forma.

Os cadeados em nossos portões; os alarmes; carros blindados e o crescente índice de empresas do ramo da vigilância, nada disso tem sido capaz de deter com total eficiência essa lógica de que somos interligados uns aos outros. Se eu me beneficio sozinho, de alguma forma os excluídos chegarão ao meu conhecimento.

Sobrou para a escola uma missão impossível de ajustar o que toda a sociedade desajusta.

Não resta dúvida de que a violência corresponde a uma ausência de educação. Mas não se trata apenas de uma instrução cultural, que é o papel da escola, trata-se de uma educação ampla, também emocional e espiritual. Esse deveria ser o papel da família, mas hoje erroneamente está sendo atribuindo apenas à escola, pela incompetência dos governos de garantir uma melhor condição de  moradia, saúde, segurança; oportunidades de trabalho e orientações às famílias.

Porque o ser humano reage com violência? A essa pergunta é possível responder observando a própria evolução da humanidade.

A evolução da raça humana, em certo ponto, corresponde a evolução individual do homem. As primeiras espécies humanas evoluíram da mesma forma que uma criança, se ergueram e caminharam sobre as duas pernas, depois de conquistar pouco a pouco maior domínio sobre o seu corpo.

Igualmente observa-se com relação a oralidade, enquanto não a desenvolvem, tanto a espécie humana em geral como a criança por volta dos 02 anos de idade ainda fazem uso da violência para expor seus desejos e  se defender. Na criança é muito comum empurrões e mordidas para disputar um brinquedo, por exemplo. À medida que aprendem outros meios de se comunicar, principalmente o oral, as reações corporais vão cedendo para o diálogo e outras formas diplomáticas de resolver os conflitos.

A pessoa que ainda faz uso da violência para impor seus desejos; reagir ou defender-se demonstra que não alcançou tal evolução.

Para evoluir sabemos que é necessária aprendizagem e que é imprescindível as relações com objetos, pessoas, ambiente e informações que contribuam para a construção dessa aprendizagem. Mas essa aprendizagem, embora tenha na escola um espaço favorável carece principalmente do alicerce familiar.

Se as crianças e jovens não tem esse alicerce é impossível uma construção solida. Assiste-se a um desequilíbrio total de caráter que culmina com essas ações de violência. Se procurarmos as famílias desses jovens, possivelmente compreenderemos que eles são apenas espelhos do ambiente em que são criados.

Qual é a saída, então? Com certeza a educação. Reconheço que muitos programas estão sendo desenvolvidos nas escolas, mas essa instituição sozinha jamais conseguirá.

É necessário investir também no apoio e orientação às famílias para que cumpram o seu papel. Um programa de parceria entre os sistemas escolar, de saúde, de assistência social e de policia preventiva, com amplo apoio e condições oferecidas pelos governos, poderia ser o caminho mais eficiente.

As nossas crianças e jovens precisam se educar; os nossos professores necessitam de segurança e de apoio e as escolas carecem urgentemente de reforço e contribuição para continuar o seu papel.


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