quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O DEUS QUE EU NÃO ACREDITO



Quando menina, eu vivia cercada dos ensinamentos da minha avó. Cercada de crenças, de rezas e dogmas.

“Oh meu Jesus perdoai-me e livrai-me do fogo do inferno. Levai as almas todas para o céu. Socorrei, principalmente, as que mais precisarem.”

Essas palavras ecoavam dentro de mim provocando um terror inexplicável.

Eu realmente sentia muito medo de, por algum motivo, não alcançar o perdão de Jesus e acabar no fogo do inferno.

Essa ideia, aliás, a maioria das ideias que eu tinha a respeito de Deus, era relacionada ao medo, ao castigo, a condenação eterna para pagamento dos pecados.

Nem posso dizer que isso era estranho naquela época: década de setenta. Estranho mesmo é hoje em dia assistir ainda, pessoas repetindo essas orações.

Das duas uma: Ou elas não prestam muita atenção no sentido das palavras que repetem ou continuam sob o julgo do medo dos castigos de um Deus severo que não titubeia em condenar um filho à eternidade de “um fogo do inferno”
.
Para falar a verdade, eu nunca consegui lidar muito bem com a acepção do termo “eternidade”. Como também não absorvo a ideia da coexistência eterna de dois arqui-inimigos: Deus e o Diabo.

Pensando Deus como um pai, reflito: Como poderia um pai permitir em sua casa a permanência de alguém que só provoca o mal aos seus filhos?

Acaso seria Deus refém do Diabo e os seus filhos incapazes de serem avaliados ou julgados pelas suas próprias ações e decisões, sem precisar da inteligência do Diabo para conduzi-los?

Devo esclarecer também que essa visão de “Deus Pai” é muito difícil também de assimilar. A não ser que venha acompanhada do “Filho” e do “Espírito Santo”, em uma só pessoa.

Gosto dessa ideia de mistério. Não de mistério fruto de dogma, mas, de mistério fruto da nossa limitação humana de “incompreender” a Deus.

O Deus que concebo é algo assim como uma energia cósmica que está ligada a todos os seres. Algo realmente inexplicável.

Para mim, a evolução que esses seres que compõem a energia cósmica, alcançam através da sabedoria os conduzem a um nível tal que por isso são chamados de “Anjos” e “Deus”.  Os seus declínios causado pela ignorância leva-os a uma transformação espiritual que os tornam conhecidos como “demônios” e “Diabo”.

Acredito também ser muito provável a sobrevivência da energia vital à morte da matéria.

O que me afasta mesmo das religiões, de todas elas, é essa mania de acharem-se descobridores da “verdade” e apresenta-las de forma tão simplificada que se torna um afronte acreditar nesse Deus tão falho do qual são porta-vozes.

Sigo o que indica o poeta: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”

Penso que enquanto eu fizer parte dessa vida terrestre sou movida pelo potencial de construir conhecimentos, de buscar respostas e pela certeza de que nunca alcançarei a verdade suprema, pela minha limitação para compreendê-la.

Todavia, muitas vezes invejo os que se acomodam às respostas que obtêm e sentem-se felizes com elas. Embora eu não consiga ser um desses, condeno quem tente arrancá-los de forma irresponsável desse conforto espiritual.

Mas, condeno mais ainda, aqueles que tiram proveitos próprios da fé dos outros.

De tudo isso, creio que o que realmente importa é evoluirmos sempre em busca da harmonia entre todos os seres.


3 comentários:

Dilmar Gomes disse...

Amiga Ivana, as religiões tradicionais assumiram para si o lema de donas da verdade, sobretudo a religião católica, cunhando os dogmas através do concílios, a partir daquele de Nicéia, mais tarde, os pentecostais, fundariam novas seitas preservando os mesmos dogmas, quer dizer, os evangélicos mudaram não mudando. Além disso, existem os dogmas de algumas religiões orientais que também contrariam a racionalidade, mas como pouco conheço dessas seitas, prefiro não me estender mais. Um abraço. Tenhas uma boa noite.

Ivana Lucena disse...

Menino, eu vi o comentário de Dilmar Gomes aqui e jurava que tinha conseguido postar o meu a respeito do dele, mas não. As vezes a gente apanha mesmo dessa internet. rsrsrs
O que eu queria dizer era que fiquei imensamente feliz com a colaboração que vc deu. Está corretíssimo nas observações postadas. Acrescento: até o espiritismo, criado para ser uma filosofia é praticado como uma religião e, por muitos, de forma equivocada. Um abraço, meu amigo.

Graça Pereira disse...

A catequese antiga "ensinava-nos" esse medo de um Deus que castiga sem apelo nem agravo. Também andei na mesma"escola" mas tive a felicidade de encontrar gente esclarecida, de coração aberto que me indicou o verdadeiro caminho. Encontrei a FÉ: a flor mais bela do cristianismo, repara que não digo verdade porque só Ele é a verdade!
Sou catequista dos tempos de HOJE e fico feliz de abrir as mentes das crianças para um Deus que é amor.
Beijocas
Graça

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