A festa teve início e, como o ambiente
estivesse lotado de pessoas, o dono da casa desconfiou de um numero grande de
penetras. Pensou então em uma estratégia para identifica-los.
Subindo em uma cadeira, pediu a atenção dos convidados e sugeriu que naquele instante “os
convidados da noivas” se deslocassem para o lado direito do salão. Algumas
pessoas obedeceram e, em seguida, pediu que “os convidados do noivo” fossem
para o lado esquerdo. Da mesma forma, uns presentes trataram de obedecer a
sugestão do dono da casa.
Nesse momento ele observou que um pequeno
grupo permanecia no centro do salão, aparentando indecisão para qual direção
tomar.
Ainda, do alto da cadeira, observando a
cena, bradou para os presentes: - Com exceção desse grupo que permaneceu no
meio, os demais podem se retirar da minha casa pois isso aqui é um batizado e
não uma festa de casamento.
Lembrei-me dessa piada quando estava
refletindo sobre a minha posição diante dessa discussão a respeito de crer ou
não crer na existência de Deus.
“Agnóstica”, descobri que sou. Baseado na
definição de que são considerados “diagnósticos” aqueles que não pregam a existência
de Deus e também não se julgam capazes de obter argumentos suficientes para
acreditar e declarar veementemente a não existência deste.
Ou, seja, sinto-me ali, no meio, como se
estivesse vindo a um batizado e agora me encontrasse em volta de um grupo que
se divide radicalmente para afirmar posições das quais, a meu ver, se não
precipitadas, muitas vezes ingênuas e às vezes ignorantes.
Certamente, propor que me identifiquem
como o grupo correto nessa historia, seria definitivamente bastante soberba.
Posto que aqui, não disponho do aval do “dono da casa” para validar a minha
posição.
Antes, sinto-me, na verdade, como alguém
que assume a sua ignorância e se vê agora em um conflito pessoal para assimilar
que, concluindo sobre a não existência de Deus, qual seria o sentido de estar
viva.
Nesse conflito, estão postas as
convicções que sempre construí, prefiro buscar respostas, admitir os equívocos e
os limites do meu conhecimento do que assumir o radicalismo de uma posição,
fechada para novas possibilidades.
Embora eu racionalize a impossibilidade
da existência de um ser único e poderoso, “onipotente e onipresente”, sem
inicio e sem fim, também, questiono se é possível não haver verdadeiramente,
nenhuma ligação entre os seres humanos que se estenda para além da matéria.